Para algumas pessoas, a noção completa de um encontro
leste-oeste de qualquer coisa no jazz nos traz as diferenças perceptíveis ao
longo do tempo entre a Costa Oeste dos Estados Unidos e sua contraparte do
Leste. A premissa básica é que o jazz na Costa Oeste estadunidense é um parente
do movimento do cool jazz, uma mais calma, parte da tradição menos
emocionante, que depende mais da composição e de um arranjo do que do toque de
improvisadores individuais. O jazz da Costa Leste é visto mais como condução
firme, emocionante e enraizado profundamente no blues. Todas estas percepções
têm sido eclipsadas em grande parte dentre outros aspectos da vida moderna, a
internet e viagens aéreas comerciais eficientes.
No caso de “Coast to Coast”, a designação é mais aplicável às
cidades natais de Thomas Marriott e Ray Vega, os dois mestres do trompete, que
ficaram à frente da terceira edição da série de encontro Leste-Oeste de trompetes.
Vega tem origem no Bronx, é o mais velho dos dois e grande mentor e amigo do
seu parceiro da Costa Oeste. Ele cresceu imerso no coração de dois gêneros
vibrantes da música da cena de Nova York —jazz e salsa. Suas raízes estão atuando
extensivamente com os mestres do jazz latino Tito Puente, Mongo Santamaria e Ray
Barretto, para mencionar uns poucos. Suas raízes, em Nova York, o tem conduzido
a profundo mergulho na tradição do bebop, bem como fazendo-o um completo
composto do som de Nova York.
O trompetista de Seattle, Marriott, emergiu como uma
presença notável no jazz, enquanto vivia em Nova York durante seus anos formativos
como músico. Ele encontrou Vega em Seattle em 1995 durante uma excursão com Puente.
Depois de sua chegada em Nova York, Vega agiu com um grande irmão para o jovem
trompetista, apresentando-o e dando-lhe conselhos inestimáveis para sua carreira
ao longo do caminho. O nascido no Bronx, Vega tinha uma espécie de casa em Seattle,
com a família de Marriott o recebendo bem em sua residência quando ele estava
na cidade, tratando-o como sendo da família.
Em termos de estilo ao tocar, Marriott nunca foi descrito
como qualquer coisa da Costa Oeste. Entre sua introdução aos mestres pelo seu
pai e seu tio, seu tempo em Nova York e associações correntes dentro da
comunidade do jazz da Filadélfia, a abordagem de Marriott para tocar carrega as
marcas dessas respectivas comunidades. Sobre o curso de sua extensa discografia,
você pode ter o senso que haverá gradual passagem para tocar com alma e fogo, em
ter um entendimento mais claro da grande tradição que ele assumiu, nascido na
cultura e luta negra. A capacidade artística e refinamento do seu toque tem
estado em uma tendência ascendente contínua ao longo do tempo.
A conexão de Marriott com a Filadélfia nesta gravação é
representada pelo pianista Orrin Evans, que ele encontrou aleatoriamente em um
evento de jazz em Idaho. Esta oportunidade de encontro resultou em uma amizade
próxima e uma parceria musical, que incluiu a presença de Evan em cinco de seus
lançamentos, com Marriott juntando-se a Evans em seu álbum “Captain Black Big
Band”. Ele foi uma escolha clara para atuar em neste projeto.
O baixista Michael Glynn é um baixista de primeira classe em
Seattle, e um amigo de Marriott desde que tocavam na altamente qualificada
banda de jazz na Garfield High School em Seattle. Juntos com a legenda
do jazz, Roy McCurdy, na bateria, ele é o perfeito complemento para a sessão. Aos
86 anos, McCurdy soa tão bem quanto em seus dias de atuação nas bandas de
Cannonball Adderly e Sonny Rollins. O álbum retorna ao formato de quinteto da
sessão original, depois de um flerte com um quarteto de órgão B-3 apresentando George
Colligan no acompanhamento de “Return of the East West Trumpet Summit (Origin,
2016)”.
Marriott oferece três inéditas com a banda atuando firme em "One
Day at a Time", suingando de forma saltitante em "Quarter
Nelson" e sendo melancólico em "Front Row Family". Marriott e
Vega apresentam-se sozinhos nos standards, com Vega apresentando uma
tomada inspirada em "Girl Talk" e Marriott acentuando a melancolia de
"You've Changed" com a rica tonalidade que é sua marca registrada.
O par harmoniza belamente em "Art Deco" de Don
Cherry com as fortes linhas do baixo de Glynn e o trabalho das escovinhas de McCurdy
pavimentam o caminho. O clássico de Charles Mingus,"So Long Eric", é
o chamariz, com o duo de trompete abraçado perfeitamente pela seção rítmica,
que marcantemente soa como se estivesse na estrada há meses juntos, em vez de
se reunir para uma sessão em Seattle. O dinâmico solo surdinado de Vega, em
cada caminho, lança luz sobre seu estilo original aperfeiçoado nas trincheiras
da cidade de Nova York.
Ao final, a gravação é de todos os instrumentistas. Embora,
Marriott e Vega estejam pessoalmente próximos, seus respectivos estilos no trompete
são distintamente diferentes. Dentro da gravação estéreo, você pode ouvi-los
como duas vozes separadas dentro do contexto coletivo da banda. Embora ambos
tenham raízes profundas no mesmo idioma, suas vozes individuais destacam-se
alto e claro nesta sessão muito gratificante. Há familiaridade no som da banda,
uma confiança raramente alcançada. Na escolha dos instrumentistas ele
enxerga-os como uma família, a música suporta o som do amor e da comunhão. A
terceira edição deste encontro leste-oeste age como uma espécie de linha do
tempo, que remonta à sessão original, “East West Trumpet Summit (Origin, 2010)”,
gravado em 2009. Nessa luz, O toque de Vega tem base firme da qual esta música emerge.
O toque de Marriott exibe uma tendência ascendente acentuada em termos de sua
arte geral. Sua maturação como um trompetista e como um líder de banda são
claramente evidentes. Tudo sobre esta gravação fala de participantes tendo uma
visão mais clara do que é realmente importante sobre o projeto como um todo,
que esta parceria concebeu indubitavelmente no amor e na amizade deve ter um
elenco de suporte, que o qualifica como sempre. Missão cumprida.
Faixas: One
Day at a Time; I Told You So; You've Changed; Broadway; Art Deco; Girl Talk;
Quarter Nelson; Front Row Family; So Long Eric.
Músicos: Thomas Marriott: trompete; Ray Vega: trompete;
Orrin Evans: piano; Michael Glynn: baixo acústico; Roy McCurdy: bateria.
Fonte: Paul Rauch (AllAboutJazz)
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