Dois improvisadores audazes do jazz assumir um querido
centenário de uma obra-prima de balé clássico com raízes radicais no “The Rite
of Spring: Spectre d'un songe (NT: A Sagração da
Primavera”). Igor Stravinsky desfrutava o seu sucesso de 1911 com "Petrushka",
que irradiava a atmosfera artística da sua Rússia, quando, em 1913 ele estreou
"The Rite of Spring" na abertura do Théâtre des Champs-Elysées.
A audiência ficou dividida na elite parisiense, nos camarotes e nos estetas
"boêmios" espalhados pelo teatro. A música de Stravinsky contradisse
cada norma do tempo. A originalidade chocou. Vaslav Nijinsky, que já era
controverso, foi o corógrafo. Os dançarinos atuaram como robôs, em um ritual que
concluiu com a retratação de um sacrifício humano de um dançarino. A lenda
urbana diz que facções da audiência gritaram elogios, ou insultos, àqueles que
atuaram, e fisicamente esmurrando-os em um motim próximo. A composição foi
elevada consideravelmente, mas a música permanece complexa e, às vezes,
desconfortável. É um veículo adequado para os singulares talentos das pianistas
Sylvie Courvoisier e Cory Smythe. O duo de piano nos traz uma fascinante
interpretação do magno opus de Stravinsky seguida por uma composição de Courvoisier.
Courvoisier abordou o trabalho de Stravinsky como um projeto
potencial no passado, mas a família do compositor russo não permitiu um arranjo
improvisado para sua composição. O tempo mudou isto. Smythe é conhecido por sua
música improvisada como líder, duas gravações com Ingrid Laubrock e como um
membro do trio de Tyshawn Sorey. Suas associações clássicas incluem o trabalho
com a International Contemporary Ensemble, e o festival Mostly Mozart
da Lincoln Center. Smythe e a violinista virtuosa Hilary Hahn ganharam
um Grammy pelo álbum em duo “In 27 Pieces: the Hilary Hahn Encores (Deutsche
Grammophon, 2013)”.
No primeiro dos dois movimentos originais do balé, "Le
Sacre du Printemps, Pt.1", as notas pessoais de Stravinsky descrevem um
povo dividido em dois grupos, iniciando com um "ritual de tribos rivais".
Courvoisier e Smythe assumem uma abordagem nuançada para suas improvisações e interações.
A tensão, enquanto à vista, está aberta para um dar e receber com os pianistas mudando
suas posições entre estrutura e invenção. "Le Sacre du Printemps,
Pt.2" foi considerada tão difícil para a orquestra tocar, que estes
músicos iriam ficar com risos nervosos durante os ensaios de Stravinsky. Sem
sacrificar o espírito original das suas próprias desenvolturas, Courvoisier e
Smythe habilmente navegam nos ritmos implacáveis, episódios misteriosamente
verbalizados e entonações veementes. "Spectre d'un songe" (Ghost of a
dream) de Courvoisier é um hino de meia hora que complementa perfeitamente o
trabalho de Stravinsky, parecendo um terceiro movimento recém descoberto.
Partes do arranjo de Stravinsky para "The Rite of
Spring" foram incorporados nas gravações de Ornette Coleman, Charlie
Parker, The Bad Plus e outros artistas de jazz. A interpretação melhor
conhecida foi a de Hubert Laws. A despeito da banda formada com instrumentistas
estelares, incluindo Ron Carter e Jack DeJohnette, esta gravação carece de
qualquer sensação visceral. É este desafio que Courvoisier e Smythe encontram e
supera em cada momento de sua excelente gravação.
Faixas: Le Sacre du Printemps, Pt.1; Le Sacre du Printemps,
Pt.2; Spectre d’un songe.
Músicos: Sylvie Courvoisier: piano; Cory Smythe: piano.
Fonte: Karl Ackermann (AllAboutJazz)
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