“Far Far Away” nos aproxima cada vez mais da genialidade de Jim
Snidero. Um trabalho incandescente construído sobre os pilares de uma nova
parceria e continuação de uma colaboração, exibe uma consistência marcante em elaboração
e inventividade, que não deixa dúvida do lugar do artista no firmamento do jazz.
Claro, ouvintes maduros não necessitam lembrar sobre seu elevado status. O badalado
saxofonista alto tem apresentado performances dinâmicas como um líder em
grandes gravações durante quatro décadas, agradando críticos e ganhando muitos
fãs com seu trabalho. “Blue Afternoon (Criss Cross, 1989)” de Snidero foi
corretamente rotulado como um clássico moderno através da sua inclusão no The
Penguin Jazz Guide: The History of the Music in the 1001 Best Albums. Ele
virou muitas cabeças tocando em cima de seus próprios arranjos orquestrais
cativantes em “Strings (Miles-tone, 2003/Savant, 2021)”, que recebeu o mais
alto "Le Choc" em uma resenha na Jazz Magazine (França) e viu
a música e seu criador citado como "pertencente a um clube exclusivo
(Fischer, Ogerman, Sauter) de grandes sucessos no gênero" e durante a
pandemia da COVID-19, quando utilizando oportunidades onde havia risco e
escassez, ele encontrou uma forma e triunfou com “Live at the Deer Head Inn (Savant, 2021)”, ganhando
séria admiração e uma rara 5 estrelas em uma resenha na DownBeat Magazine.
Estas ofertas demonstram um extraordinário nível de
realização artística sobre grandes espaços, conforme Snidero traçado com
sucesso o seu caminho através de territórios amplamente diferentes na casa dos
trinta, quarenta e poucos anos e sessenta. E com muitos encontros em sua
discografia invejável ramificando-se em outras áreas, uma celebração de um
grupo de órgão de “Tippin' (Savant, 2007)”, um olhar de fluxo modernista em “Stream
of Consciousness (Savant, 2013)”, uma imersão intrépida na cultura coreana para
o “Project-K (Savant, 2020)”, estes destaques providenciam apenas um mero vislumbre
de suas capacidades quando no comando. O retrato de Snidero verdadeiramente amplia
com cada simples ingresso em seu catálogo e que, obviamente, inclui este marco
da 25ª
gravação.
Em “Far Far Away”, legenda encontra legenda para uma
incrível jornada para os limites externos. Retornando ao estúdio após seus
triunfos nos palcos, o renomado altoísta une forças com a inimitável guitarra
do herói Kurt Rosenwinkel. É um emparelhamento tão improvável quanto intrigante,
abrindo as portas para a possibilitar ao saxofonista: "Para mim, Kurt é
uma das grandes figuras do jazz do século XXI. Seu conceito de som e fraseado
são tão originais e convincente, ainda assim, sua forma de tocar está
firmemente enraizada na tradição. Alcançar esta combinação não é um feito
pequeno. Há apenas aí o tanto que eu queria aproveitar como compositor ".
Optando por escrever material novo elaborado para o corte de
Rosenwinkel, os olhos de Snidero para o horizonte e o que está além. Em trazer
de volta a seção rítmica para Live at the Deer Head Inn—o pianista com
visão de futuro, Orrin Evans, o baixista em demanda Peter Washington e o
baterista notável Joe Farnsworth—ele reconhece uma combinação vencedora de
músicos enquanto reorienta seus esforços: "A gravação ao vivo era
realmente tudo sobre o momento —'Um sinal de esperança, uma oração pelo retorno
dos shows” como a London Jazz News tão eloquentemente coloca. Foi só
chegar lá em cima, relaxando e tocando músicas que traria esperançosamente
algum prazer para as pessoas durante alguns momentos difíceis. Com a adição de
Kurt, e o foco nos originais agora, este álbum é realmente completamente diferente".
Ilustrando esta verdade logo de cara, Snidero estabelece um
caminho para as estrelas na faixa título. A primeira de muitas peças para capitalizar
as assinaturas sonoras de Rosenwinkel, destaca os membros da linha de frente
com solistas emocionantes, ressalta algum significante em seus confrontos, e
providencia espaço adicional para Evans e Farnsworth brilharem. Levando as
coisas de volta para o acompanhamento —a sombreada de cobalto
"Infinity"—o quinteto toca através da sedução em tempo real enquanto
atinge as ondas de sua própria criação. Refletindo a muito natural parceria de Snidero-e-Rosenwinkel,
estes números de abertura oferecem contrastes, enquanto providencia
complementariedade. Mudando a marcha com o olhar sutilmente reharmonizado para "It
Might as Well Be Spring" de Rodgers e Hammerstein, o líder aproveita a
oportunidade para desnudar sua alma em uma das suas baladas favoritas. O único
mergulho do álbum no grande repertório estadunidense, e um dos mais finos
exemplos do som de Snidero na gravação, prova ser um modelo de classe e sensibilidade.
Retornando ao reino das inéditas, o saxofonista apresenta
três joias consecutivamente a partir de diversos ângulos. A contida
"Nowhere to Hide" amadurece com tensão harmônica e extensões
conflitantes, traz a sensação de ser picante para o centro do quadro conforme
apontado pelo líder Snidero, o calor líquido de Rosenwinkel e os projetos de
baixo para o meio de Evans causa fortes impressões. Então "Obsession"
chega, tomando forma em torno de um sentimento funk latente e servindo como o
único de seu tipo na lista de reprodução. Acompanhamento dinâmico e interação
no lado rítmico ajudam a criar expressões encurvadas dentro de uma estrutura
bem construída, ultimamente suportando e encorajando aqueles que estão à frente.
Encerrando esta trifecta de novas composições com "Pat"—uma pérola
embasada no blues derivando do espírito do lendário Pat Martino—todos assumem
um momento para dar o devido respeito ao queridíssimo ícone da guitarra, já
falecido, e sua influência duradoura.
Adotando uma postura reflexiva na penúltima apresentação, Snidero
olha para a relevante "Search for Peace" do falecido McCoy Tyner. Uma
balada deslumbrante que faz uma pausa para admirar a música e a mensagem, é um
veículo perfeito para acentuar o lado terno do líder, as cordas de Rosenwinkel
cantam e o pizzicato proposital de Washington. Então está de volta para novas
maravilhas com "Little Falls", uma suingante despedida está no comando.
As linhas deambulantes de Washington e o passeio de Farnsworth nos pratos
estabelecem a base para o núcleo dos solistas do grupo encantarem
através das ideias. Demonstrando clara direção, esta peça final, muito parecida
com tudo que a precede, chama grande atenção de Snidero para os detalhes com
este projeto: " Eu despendi um pouco de tempo pensando sobre o som da banda,
enquanto compunha, como estabelecer certos elementos tais como timbre, harmonia
e abrangência, para misturar e (às vezes) conflitar, criando mais profundidade.
É sobre juntar tudo enquanto é musical e projetando tepidez. Isto é o que eu
mais valorizo". Não surpreendentemente, isto vem através de uma mistura
maravilhosa em “Far Far Away”.
Faixas: Far
Far Away; Infinity; It Might As Well Be Spring; Nowhere To Hide; Obsession;
Pat; Search For Peace; Little Falls.
Músicos: Jim Snidero: saxofone alto; Kurt Rosenwinkel:
guitarra; Orrin Evans: piano; Peter Washington: baixo; Joe Farnsworth: bateria.
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=wlxH30Gxnbc
Fonte: Dan Bilawsky (AllAboutJazz)
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