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domingo, 23 de junho de 2024

BRAD GOODE - THE UNKNOWN (Origin Records)

Um dos prazeres associados à resenha de música é a exposição a artistas que, caso contrário, podem não aparecer no radar. Para cada Pat Metheny há uma centena de altamente criativos, pouco conhecidos e extremamente talentosos guitarristas dedilhando suas cordas. Para cada Brad Mehldau há exercendo o ofício dez dúzias de maravilhosos, relativamente desconhecidos pianistas se exibindo na caixa postal ou em downloads. E para cada Ralph Alessi soprando seu instrumento, você—com um pouco de exploração—encontrará trompetistas transitando abaixo do nível do reconhecimento nacional ou internacional, dando o seu melhor para elevar a música a novos níveis, cliques e concursos de popularidade que se danem. Realmente, quando se trata disto, o número de artistas de jazz que cai nesta categoria de “merecendo maior reconhecimento” parece sem fim.

O trompetista Brad Goode evidencia no excelente “The Unknown”, que é um destes instrumentistas que merecem reconhecimento.

Este álbum habilmente concebido estabelece uma moderna entonação da abertura, "Decathexis", direto através do encerramento, "Shiprock", via sete inéditas engajadas de Goode e três surpreendentes escolhas de reinterpretações. A continuidade de som e a abordagem é—como sempre— uma grande vantagem ao criar uma coletânea de músicas. “The Unknown” tem isto. É um passeio do quarteto, uma seção rítmica e o trompete de Goode, que soa, em um giro inicial, como um simplificado lançamento de Miles Davis de 1980, com o teclado eletrônico de Jeff Jenkins resplandecendo na criação—em liga com o baixista Seth Lewis e o baterista Paa Kow—alguns balanços profundos.

"Pain" é uma música composta por Goode em tributo ao falecimento do trombonista Curtis Fuller. O som é expansivo. A produção é exuberante, considerando a linha de frente minimalista. O adoçamento da pós-produção provavelmente está em jogo, com as superposições do trompete e trabalho chave aprimorado. A atmosfera aqui é excelente —luminosa em jeito sutil, um modo de produção que não chama a atenção para si, mas eleva a música maravilhosamente.

As reinterpretações incluídas aqui podem parecer escolhas estranhas, para aquelas canções não familiares do catálogo da CTI Recordings de Creed Taylor, como o álbum de George Benson de 1972, “White Rabbit”, que tomou sua canção título do repertório do Jefferson Airplane e também incluiu "California Dreamin'" do Mama and the Papas. Este foi um par de canções pop consideradas por muitos como não dignas de uma versão de jazz, mas o álbum—com estas inclusões — alguns podem dizer por causa deles — foi extremamente bem sucedido, como foi o guitarrista Wes Montgomery (talvez pela mesma razão) “A Day In the Life (CTI, 1967)”, isto incluiu a canção título dos Beatles tão bem quanto "Eleanor Rigby". E daí, quais são as escolhas de reinterpretações de Goode? "The Windmills of Your Mind" uma composição de Michel Legrand interpretada por Dusty Springfield e Jose Feliciano. Goode e companhia dão à canção um fluxo suave, com o trompete melancólico de Goode enredados em um arranjo deslumbrante. Bastante adocicado para um álbum de jazz.

Outras reinterpretações: uma marcha, uma tomada em forma de fanfarra em "Joia" de Caetano Veloso e o sucesso pop "At Seventeen" de Janis Ian de 1975. Esta última canção apresenta o instrumento doloridamente surdinado de Goode, contando a estória de um jovem estranho olhando para o socialmente mais adepto e ostensivamente mais afortunado entre nós. O arranjo livre levemente adocicado funciona perfeitamente.

"Shiprock" encerra o trabalho. Shiprock do Novo México é um deserto de formação rochosa considerado sagrado pelo povo Navajo. Em seu folclore, os seres humanos descendem na Terra do Céu, e agora nós temos uma trilha sonora celebratória para o evento, para fechar um álbum inspirado que funciona como bem concebido e uma visão musical maravilhosamente de Brad Goode.

Faixas: Decathexis; Pain; The Windmills of Your Mind; Pentacles; COVID Nightmare; Jóia; Khufu's Horizon; The Unknown; At Seventeen; Shiprock.

Músicos: Brad Goode: trompete; Jeff Jenkins: piano; Seth Lewis: baixo; Paa Kow: bateria.

Fonte: Dan McClenaghan (AllAboutJazz)

 

 

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