Um dos prazeres associados à resenha de música é a exposição
a artistas que, caso contrário, podem não aparecer no radar. Para cada Pat
Metheny há uma centena de altamente criativos, pouco conhecidos e extremamente
talentosos guitarristas dedilhando suas cordas. Para cada Brad Mehldau há exercendo
o ofício dez dúzias de maravilhosos, relativamente desconhecidos pianistas se
exibindo na caixa postal ou em downloads. E para cada Ralph Alessi soprando
seu instrumento, você—com um pouco de exploração—encontrará trompetistas transitando
abaixo do nível do reconhecimento nacional ou internacional, dando o seu melhor
para elevar a música a novos níveis, cliques e concursos de popularidade que se
danem. Realmente, quando se trata disto, o número de artistas de jazz que cai
nesta categoria de “merecendo maior reconhecimento” parece sem fim.
O trompetista Brad Goode evidencia no excelente “The Unknown”,
que é um destes instrumentistas que merecem reconhecimento.
Este álbum habilmente concebido estabelece uma moderna
entonação da abertura, "Decathexis", direto através do encerramento,
"Shiprock", via sete inéditas engajadas de Goode e três surpreendentes
escolhas de reinterpretações. A continuidade de som e a abordagem é—como sempre—
uma grande vantagem ao criar uma coletânea de músicas. “The Unknown” tem isto. É
um passeio do quarteto, uma seção rítmica e o trompete de Goode, que soa, em um
giro inicial, como um simplificado lançamento de Miles Davis de 1980, com o
teclado eletrônico de Jeff Jenkins resplandecendo na criação—em liga com o baixista
Seth Lewis e o baterista Paa Kow—alguns balanços profundos.
"Pain" é uma música composta por Goode em tributo ao
falecimento do trombonista Curtis Fuller. O som é expansivo. A produção é exuberante,
considerando a linha de frente minimalista. O adoçamento da pós-produção provavelmente
está em jogo, com as superposições do trompete e trabalho chave aprimorado. A
atmosfera aqui é excelente —luminosa em jeito sutil, um modo de produção que
não chama a atenção para si, mas eleva a música maravilhosamente.
As reinterpretações incluídas aqui podem parecer escolhas
estranhas, para aquelas canções não familiares do catálogo da CTI Recordings
de Creed Taylor, como o álbum de George Benson de 1972, “White Rabbit”, que tomou
sua canção título do repertório do Jefferson Airplane e também incluiu
"California Dreamin'" do Mama and the Papas. Este foi um par de canções
pop consideradas por muitos como não dignas de uma versão de jazz, mas o álbum—com
estas inclusões — alguns podem dizer por causa deles — foi extremamente bem
sucedido, como foi o guitarrista Wes Montgomery (talvez pela mesma razão) “A
Day In the Life (CTI, 1967)”, isto incluiu a canção título dos Beatles tão bem
quanto "Eleanor Rigby". E daí, quais são as escolhas de
reinterpretações de Goode? "The Windmills of Your Mind" uma
composição de Michel Legrand interpretada por Dusty Springfield e Jose Feliciano.
Goode e companhia dão à canção um fluxo suave, com o trompete melancólico de
Goode enredados em um arranjo deslumbrante. Bastante adocicado para um álbum de
jazz.
Outras reinterpretações: uma marcha, uma tomada em forma de
fanfarra em "Joia" de Caetano Veloso e o sucesso pop "At
Seventeen" de Janis Ian de 1975. Esta última canção apresenta o
instrumento doloridamente surdinado de Goode, contando a estória de um jovem
estranho olhando para o socialmente mais adepto e ostensivamente mais
afortunado entre nós. O arranjo livre levemente adocicado funciona
perfeitamente.
"Shiprock" encerra o trabalho. Shiprock do Novo
México é um deserto de formação rochosa considerado sagrado pelo povo Navajo. Em
seu folclore, os seres humanos descendem na Terra do Céu, e agora nós temos uma
trilha sonora celebratória para o evento, para fechar um álbum inspirado que
funciona como bem concebido e uma visão musical maravilhosamente de Brad Goode.
Faixas:
Decathexis; Pain; The Windmills of Your Mind; Pentacles; COVID Nightmare; Jóia;
Khufu's Horizon; The Unknown; At Seventeen; Shiprock.
Músicos: Brad Goode: trompete; Jeff Jenkins: piano; Seth
Lewis: baixo; Paa Kow: bateria.
Fonte: Dan McClenaghan (AllAboutJazz)
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