Não se deixe enganar pelo título: sem bots ou algoritmos estarem
envolvidos na criação deste álbum. Embora tenha havido experiências fascinantes
na improvisação com software interativo de George Lewis, Richard Teitelbaum e outros,
“Artificial Intelligence” tem cerca de uma hora de interação humana espontânea
de dois dos mais prolíficos e não categorizáveis improvisadores em Nova York.
Esta é uma gravação em estúdio de improvisação free em
Janeiro de 2022. Não há composições, e se houve edições ou sobreposições, elas
estarão bem escondidas.
Elliott Sharp inicia a meia hora da faixa de abertura com
uma entonação clara da guitarra elétrica, gradualmente revelando sua coletânea
de efeitos, então baseia a segunda peça em camadas de sons invertidos e em loop
eletrônico. Seu ataque altamente percussivo, às vezes, evoca Derek Bailey, mas
Sharp está mais interessado nas possibilidades tímbricas do instrumento e
emprega um slide (NT: é uma forma de tocar
guitarra, em que se utiliza no dedo médio, anular, mínimo ou indicador, um
pequeno tubo oco cilíndrico, feito de metal, vidro ou cerâmica. O objetivo é alterar
o tom em que se toca, deslizando esse tubo pelas cordas da guitarra),
batidas com as duas mãos e um eBow, que Bailey não utiliza.
Ivo Perelman toca sax tenor exclusivamente e é
essencialmente um instrumentista melódico, frequentemente usando um som caloroso
e amplo vibrato. Ele e Sharp não evitam se instalar em áreas comuns do campo
("tonalidade" seria também específica), e Perelman cita uma balada ou
duas na primeira faixa e usa alguns toques de blues no final. Embora, na escola
de Archie Shepp e David Murray, ele é tecnicamente um instrumentista mais interno
do que qualquer um, relativamente raro é o uso de multifonia ou sonda o
registro altíssimo ou emprega outras técnicas estendidas. Entretanto, a sessão
fica mais barulhenta conforme progride, atingindo um pico severo, mas breve, na
conclusão da faixa três. Os instrumentistas parecem cada vez mais desafiados a
explorar seus recursos sonoros. Na última faixa Sharp utilizou um bandolim ou
um instrumento acústico de corda dupla semelhante (não mencionado nos créditos),
e Perelman está tocando o bocal separado do saxofone.
Embora os instrumentistas gravem copiosamente, Perelman tem
raramente, se alguma vez, colaborado com um músico que usa tanto a eletrônica quanto
Sharp. Este experimento é amplamente bem sucedido e este álbum é recomendado
aos fãs destes artistas. A configuração dupla exposta também torna este um bom
ponto de entrada para o curioso neófito, porque é um documento claro do que
estes instrumentistas realizam em seus instrumentos e como eles uniram seus
mundos sonoros.
Faixas: One;
Two; Three; Four.
Músicos: Ivo Perelman (saxofone tenor); Elliott Sharp
(guitarra elétrica, eletrônica)
Fonte: Jeff
Schwartz (AllAboutJazz)
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