Embora o primeiro álbum da violinista, vocalista e
compositora austríaca Mia Zabelka —um LP em vinil— tenha sido lançado em 1987, “DUOS
(Setola Di Maiale, 2023)” é apenas seu vigésimo quinto álbum lançado, dezesseis
dos quais dede 2010. Embora isso possa ser um sinal negativo para alguns
músicos, para Zabelka é uma indicação de qualidade dos seus álbuns lançados e cada
um merece investigação. “DUOS”, seu primeiro álbum lançado em 2023, não é
exceção. Fiel ao título do álbum, seu conteúdo compreende dois duos estendidos,
ambos gravados em maio de 2023, emparelhando Zabelka com diferentes músicos— não
é surpreendente, já que todos os álbuns de Zabelka na última década, ou mais,
foram solo, duo ou trio.
Aqui, os 27:07 de "The Poetics of Sharing" foram
gravados ao vivo, com Zabelka ao violino e no vocal, no Klanghaus Untergreith,
Sankt Johan em Saggautal, Austria, e Alain Joule, ao violoncello com extensão percussiva,
no Espace AJ, Montreal, Canadá. Sim, os dois músicos estavam separados pelo
Oceano Atlântico, mas, usando a tecnologia, podiam ouvir claramente um ao
outro, assim gravaram simultaneamente. As duas gravações separadas foram,
posteriormente, sincronizadas no estúdio. Da mesma forma, os 26:19 de
"Contrapuntal Empathy" apresenta Zabelka, outra vez no Klanghaus, tocando
em duo com Tracy Lisk na bateria e cymbal bowing, que foi gravado no Dauphin
Street Studio, Philadelphia, USA.
A despeito do uso da tecnologia pra reunir os dois, eles
soam como se estivessem tocando lado a lado na mesma sala em vez de milhares de
milhas de distância. As faixas foram mixadas e masterizadas por Lasse Marhaug que
merece congratulações por sua maestria técnica.
Todos os três músicos são creditados como compositores, geralmente
um sinal claro de que a música foi improvisada e não pré-composta. Emparelhando
Zabelka com um instrumentista diferente para cada peça foi uma ideia sensível, pois
cada um deles traz à tona diferentes facetas de sua forma de tocar. Em
"The Poetics of Sharing", as interações entre violino e cello são
frequentemente de tirar o fôlego, às vezes digno de membros de um quarteto de
cordas tocando uma partitura. Mesmo através do Atlântico, os dois conseguiram
sustentar uma pulsação regular enquanto toca (ou canta, no caso de Zabelka)
livremente.
Em "Contrapuntal Empathy", Zabelka e Lisk, apenas,
trabalham tão bem juntos quanto Zabelka e Joule. As interações e empatia (sim, a
faixa é bem intitulada) soa como se eles colaborassem há muito tempo e assim
desenvolveram um entendimento telepático entre si.
DUOS é uma exploração que vale a pena. É realmente um elogio
dizer que está de acordo com o padrão dos álbuns anteriores de Zabelka.
Faixas: The
Poetics of Sharing; Contrapuntal Empathy.
Músicos: Mia Zabelka (violino, vocal, composições); Tracy
Lisk (bateria, cymbal bowing, composições); Alain Joule (cello, cello
com extensão percussiva, composição)
Fonte: John
Eyles (AllAboutJazz)
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