O compositor e pianista, Sebastian Schunke, há muito tempo
se inspira na música latina. Porém, quando seu álbum “Elusive Beauty (Connector
Records, 2018)” venceu um dos mais importantes prêmios da música Latina —o Premio
Internacional apresentado durante o Cubadisco Festival— ele teve uma
rara oportunidade de interagir diretamente com músicos cubanos. Este álbum é um
caleidoscópio com mistura de duas bandas cubanas, a banda Berlin de Schunke e um
conjunto de câmara baseado em Berlim.
"Abakuá [versão de ritual folclórico Abakuá]" abre
o trabalho dos Los Muñequitos de Matanzas, a banda de rumba cubana apresentando
a bateria Batá que se une a Schunke em três faixas. Como toda as colaborações
cubanas, uma música é tradicional, então o foco está em Schunke, o pianista,
encontrando seu caminho nos vocais e na percussão do conjunto. Nesta faixa, ele
fornece principalmente uma figura de fundo dissonante que cria uma harmonia
contrastante com o canto vocal. Para "El tahonero [Jesús Alfonso]" ele
toca uma suave introdução desacompanhada tão bem quanto um breve solo e acompanhamento
montuno (NT: Montuno tem vários significados relativos
à música cubana e seus derivados. Literalmente, montuno significa 'vem da
montanha', e assim son montuno pode se referir ao tipo mais velho de som
jogado nas áreas rurais montanhosas do Oriente aos vocais). Grupo
Ojundegara é uma banda formada por mulheres com vocais e um acompanhamento
percussivo mais suavemente. Em "Colocolo midié [folclor afrocubano]",
Schunke acompanha e toca um breve solo coda.
A banda de Schunke, Berlin Brew, toca três faixas, dando-lhe
completa exposição como compositor, pianista e líder (eles respondem por quase
um terço do tempo de execução do álbum). "Her Dance" inicia com
texturas em rubato antes de agarrar-se a um ritmo. O resto da música alterna
entre ritmo e rubato, com Schunke liderando a partir do piano e o saxofonista
Philipp Gropper providenciando melodias e toque conectivo. Suas outras músicas
são similares. Eles combinam ritmos latinos com uma abordagem quase free
jazz. De certa forma, lembra o "Quarteto Americano" de Keith
Jarrett com Dewey Redman, ou, às vezes, Ornette Coleman. O outro fio criativo
encontra-se nas três breves peças de jazz de câmara, tocadas com o Trio Femmes
de Berlim (viola, flauta e violoncelo). Eles representam um som muito mais
europeu, com os elementos latinos presentes de forma abstrata.
“Existential Intensities” é uma coletânea diversa. Representa
a jornada criativa de Schunke, das raízes cubanas ao jazz latino criativo,
juntamente com um pouco de jazz de câmara. Um bom lugar para iniciar para ouvintes
que não são familiares com seu trabalho.
Faixas: 1: Abakuá [versão do ritual folclórico Abakuá]; 2:
Her Dance; 3: Colocolo midié [folclore afrocubano]; 4: Epilog II; 5: Fighting
the Evil; 6: Epilog I; 7: Cantos a Ferekete [folclore afrocubano]; 8: Yemaya
[versão de ritual folclórico]; 9: El tahonero [Jesús Alfonso]; 10: Der tanzende
Klang; 11: Epilog III.
Músicos: Sebastian Schunke (piano, composições [2, 4 – 6,
10, 11); Nick Dunstan (baixo acústico); Moritz Baumgärtner (bateria); Robby
Geerken (percussão); Philipp Gropper (saxofone tenor):
Los Muñequitos de Matanzas – Diosdado Enier Ramos “Figurin”:
líder vocal, coro e catá [1, 8, 9]; Juan Raúl Martínez: líder vocal, coro [1,
8, 9]; Yuniscleyis Ramos: líder vocal, coro, campana e clave [1, 8, 9]; Rafael
Navarro “El Niño”: líder vocal e coro [1]; Denis Fernández: líder vocal, coro e
shékere [1, 8, 9]; Reyniel López: líder vocal e coro [1, 8, 9]; Ana Pérez: coro
[1, 8, 9]; Freddy Jesús Alfonso: tumbadora, bateria abakuá e cajón [1, 8, 9];
Eddy Espinoza: tumbadora e bateria abakuá [1, 8, 9]; Agustín Díaz: tumbadora e bateria
abakuá [1, 8, 9]; Luis Davis O. Ramos: batà, clave e shékere [1, 8, 9]; Jaime
O. Ramos: batà, bateria abakuá e shékere [1, 8, 9]; Dayan Ramos: batà, campana e
catá [1, 8, 9]; Barbaro Ramos: baila [1, 8, 9]; Grupo Ojundegara – Teresa
Mederos [Tere Arará]: líder vocal, coro e palmas [3, 7]; Esperanza Mederos
Gómez: coro e palmas [3, 7]; Suilen Mercedes Torres Mederos: coro de dança e
palmas [3, 7]; Pedro Torriente [Nanacho]: oggan e palamas [3, 7]; Luis Berriel:
junguede [3, 7]; Orestes de Aramas: juncito [3, 7]; Evangelio Izquierdo Baro
[Anda]: junga [3, 7]; Berlin Brew – Nick Dunstan: contrabaixo [2, 5, 10];
Moritz Baumgärtner: bateria [2, 5, 10]; Robby Geerken: tumbadora, pequena percussão
e voz [2, 5, 10]; Philip Gropper: saxofones [2, 5, 10]; Trois Femmes – Yodfat
Miron: viola [4, 6, 11]; Laura Maurat: flauta [4, 6, 11]; Isabelle Klemt: cello
[4, 6, 11].
Fonte: Mark
Sullivan (AllAboutJazz)
Nenhum comentário:
Postar um comentário