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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

BELA FLECK - AS WE SPEAK (Thirty Tigers)

“As We Speak” é uma continuação empática das ecléticas aventuras do banjoísta Bela Fleck datando dos seus dias de ensino médio. É, portanto, justo que o título deste LP faça alusão ao processo artístico contínuo em que a criatividade pode surgir, virtualmente sem parada, não importa que outro(s) diálogo(s) possa(m) estar acontecendo no momento.

De fato, o trio de Fleck, formado com o mestre da tabla, Zakir Hussain e o baixista Edgar Meyer, que já atuaram juntos no passado—vejam “The Melody of Rhythm (Koch, 2009)”. Porém, considerando que esse projeto envolveu The Detroit Symphony Orchestra este título incorpora o bansurista (NT: quem toca bansuri, uma flauta transversal da Índia, literalmente das palavras bambu e suri). Rakesh Chaurasia, cujo instrumento empresta  um ar alternadamente fantasmagórico e fantasioso aos procedimentos via "Motion" e "The B Tune", dentre outros

Espelhando a malha de imagens borradas na capa do álbum, a fusão deste quarteto de músicas clássicas indianas e ocidentais, bluegrass e jazz traz à lembrança o comentário do falecido tecladista/compositor Joe Zawinul sobre o Weather Report, a banda que ele liderou com o saxofonista/compositor Wayne Shorter, parafraseando, Fleck, Hussain, Meyer e Chaurasia parecem estar sempre solando, mas nunca solando.

Durante o conjunto e as interações graciosas que compõem "J Bhai", por exemplo, economia e autodisciplina coexistem com abandono total de forma a inflamar não apenas a imaginação coletiva e individual dos músicos, mas, provavelmente, também a dos ouvintes. Enquanto "Tradewinds Bengali" invoca exóticos reinos, a corrente de alegria dentro "Rickety Karma" também injeta uma medida de leveza aos procedimentos que impede que qualquer coisa muito séria irradie desta ou do total de uma dúzia de faixas.

Produzido por Fleck (que também coprojetou com seu guru sonoro de longa data, Richard Battaglia), várias combinações composicionais dos três principais fornecedores do material de origem de um suntuoso programa de setenta e cinco minutos que vale a pena saborear repetidamente na íntegra. É um mérito para estes artistas que, mesmo quando a interação se torna frenética, como em "Pashto", eles nunca sucumbem à tentação de superar um ao outro.

Do mesmo modo, na forma comparativamente tranquila de "1989" esta é música que vive e respira como uma expressão direta da experiência de trabalho de cada músico e, apenas em um grau um pouco menor, a história compartilhada de Fleck, Meyer e Hussain. E embora haja uma formalidade digna em alguns intervalos como a faixa mencionada, um capricho decidido também flui, novamente graças em grande parte às texturas arejadas que Chausari desenrola com sua flauta.

Ao final, a geração de quatro vias desses sons coloridos em “As We Speak” é ao mesmo tempo insinuante e transportadora. Estes são quatro músicos que, acima de tudo, simplesmente adoram tocar, talvez nunca mais do que quando o fazem aqui com tanta fluidez intuitiva.

Faixas : Motion; The B Tune; Tradewinds Bengali; J Bhai; Rickety Karma; 1980; Owl's Misfortune; Pashto; Hidden Lake; Beast in the Garden; Conundrum; As We Speak.

Músicos: Bela Fleck (banjo); Zakir Hussain (tablas); Edgar Meyer (baixo); Rakesh Chaurasia (flauta).

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=ZUlRh5fw6Kk

Fonte: Doug Collette (AllAboutJazz) 

 

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