Há um maravilhoso tesouro escondido de gravações de jazz que
continuam sendo desenterradas em antigas transmissões de rádio, cantos
esquecidos de sótãos ou, neste caso, caixas de fitas cassete antigas. O
baterista Jeff Williams estava vasculhando algumas dessas antigas fitas feitas
durante sua extensa carreira. Ele encontrou uma gravação de uma sessão
improvisada feita em 1991 com o saxofonista Dave Liebman. A gravação foi feita
no Bar Room 432, no West Side da 14th Street em Manhattan.
Os dois músicos trabalharam juntos anteriormente na banda de
Liebman, “Lookout Farm”. Após a separação dessa banda em 1976, os dois,
brevemente, tocaram como duo, abrindo para Gary Burton, e pode ser ouvida em “The
Last Call” de Liebman (Ego Records, 1979).
Williams tem considerável experiência internacional, incluindo
extenso trabalho com Lee Konitz. Tão bem quanto “Lookout Farm”, ele tocou com Stan
Getz e formou suas próprias bandas, notavelmente Coalescence e o trio Circadian
Rhythms com Tony Malaby e Michael Formanek. Liebman teve uma carreira
brilhante, gravação com Miles Davis, McCoy Tyner, Chick Corea e muitos outros
nomes chave. Outras atividades incluem centenas de composições originais, produzindo
material de instrução e ganhando vários prêmios ao longo do caminho, incluindo
um NEA Jazz Master. Ele é um dos saxofonistas mais significativos e
prolíficos dos últimos cinquenta anos.
Esta gravação, “In Duo”, não tem ensaio nem repertório
estabelecido. Eles apenas continuaram desde a última vez que tocaram juntos, improvisando
espontaneamente e explorando diante de um público receptivo e de mente aberta. Na
melhor tradição da gravação em cassete, as duas faixas são chamadas "Side
A" e "Side B". Cada um dura cerca de 20 minutos. A gravação foi
remasterizada pelo engenheiro de som, Alex Bonney. Apesar da proveniência, não
há nenhuma sensação de "bootleg (NT: é uma
gravação de áudio ou vídeo de um espetáculo lançada de forma não oficial por um
terceiro sem o conhecimento dos titulares dos direitos)" na
gravação, apenas um clima caloroso, uma atmosfera ao vivo e uma mudança no
polimento do estúdio.
A primeira faixa inicia com frases rápidas no saxofone
soprano conforme Williams entra no balanço. Eles ficam mais apaixonados, a
velocidade aumenta, o saxofone geme e grita com passagens rápidas, eventualmente
levando a uma barragem explosiva de bateria antes da faixa passar para uma
seção mais lenta, semelhante a uma balada, com o saxofone mais melancólico e
melódico.
Side B é menos frenética. O saxofone de Liebman toca
frases com toques de blues, Williams sutilmente desenvolve um ritmo comovente
antes de impulsioná-lo com força. O toque de Liebman é incendiário e intenso, levando
seu saxofone ao extremo, antes que eles diminuam nos últimos minutos.
Isto é cru, música não filtrada, criada no momento, envolvendo
um grau de oportunidade. A maestria de Liebman no saxofone soprano é indisputável,
movendo-se da melodia suave à intensidade audaciosa. Williams é o complemento
perfeito, sabendo como responder e quando combinar com esta intensidade. Uma
experiência inebriante para admiradores do free-jazz. Esperemos que muitas mais
destas gravações esquecidas continuem a vir à luz.
Faixas
Side A;
Side B.
Músicos: Jeff
Williams (bateria); Dave Liebman (saxofone soprano)
Fonte: Neil
Duggan (All About Jazz)
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