Planejando isto, seu quarto álbum como líder na Blue Note,
Joel Ross buscou se conectar com uma plateia mais ampla ao fazer as coisas mais
simples para os ouvintes. O vibrafonista e compositor diz que, em retrospectiva,
seu trabalho anterior para a gravadora tinha sido muito focado nos músicos de
sua banda e repleto de dispositivos como mudanças de tempo e andamento que
podem ter apelo limitado para ouvintes leigos. Pensando sobre o álbum durante
isolamento social imposto pela pandemia, Ross diz que a ideia de comunhão com
uma base mais ampla tornou-se cada vez mais atraente.
Fundamentalmente, Ross conseguiu isso sem emburrecer nada. A
música ainda é adulta e inovadora, mas é injetada com uma mistura elevada de
melodismo, baladas e, como o título do álbum sugere, o blues. O resultado é
cerebral, mas comovente, com profundidade suficiente para manter sintonizados
até os mais exigentes aficionados de Ross.
A última interação da banda Good Vibes de Ross é um
quinteto composto pelo saxofonista alto Immanuel Wilkins, pelo pianista Jeremy
Corren, pelo baixista Kanoa Mendenhall e pelo baterista Jeremy Dutton. A flautista Gabrielle Garo é convidada em três
faixas. Cada um dos músicos fez parte de um ou mais álbuns anteriores de Ross na
Blue Note.
“Nublues”, um disco duplo, tem dez faixas. Sete delas são composições
de Ross, três são reinterpretações: "Equinox" de John Coltrane e "Central
Park West" e "Evidence" de Thelonious Monk. Há faixas mais
curtas durando menos de três minutos, e algumas mais longas entre oito e onze
minutos. Foram claramente pensadas em seu sequenciamento. As três faixas com
Garo, por exemplo, compõem o segundo lado do primeiro LP, enquanto uma despreocupada
"Central Park West", durando menos de cinco minutos, é uma única
faixa no lado quatro. Ross queria terminar o álbum com o melodismo exuberante
da música e parecia não estar disposto a incluir mais quinze minutos de
material de preenchimento simplesmente para completar as coisas.
Ross e Wilkins assumem a maioria dos solos, embora Corren
ofereça algo impressionante, com um eco de McCoy Tyner, em "Ya Know?".
Sensibilidade do blues, não necessariamente acompanhado por uma estrutura convencional
do blues, é o som que define a maioria das faixas, mas o contraste é
providenciado por outros: uma espécie de hino, "Bach (God The Father In
Eternity)", onde Ross toca um moderno contraponto à exposição de Wilkins de
um tema que poderia ter sido composto no século XVII, e "Mellowdee",
uma adorável mistura de balada e blues marcado pelas frases de notas quebradas
de Wilkins e glissandos ascendentes. Os minutos finais de "Equinox" e
"Evidence" apresentam circuitos em tempo real, criados espontaneamente
pela banda, diz Ross, em que um motivo do tema é repetido em forma de
redemoinho vertiginoso.
Faixas: Early;
Equinox; Mellowdee; Chant; What Am I Waiting For; Bach (God The Father In
Eternity); No Blues; Ya Know? ; Evidence; Central Park West.
Músicos: Joel Ross (vibrafone); Immanuel Wilkins (saxofone
alto [1-3, 5-10]); Jeremy Corren (piano [(1-3, 5-10]); Kanoa Mendenhall (baixo
acústico [1-3, 5-10]); Jeremy Dutton (bateria {1-3, 5-10]); 1-3, 5-10.
Fonte:
Chris May (All About Jazz)
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