O Elusion Quartet veio a ser um dos grupos mais
formidáveis do baixista Michael Formanek, mesmo que seja um projeto mais
recente do que seu trabalho de longa data com Tomas Fujiwara e Mary Halvorson em
Thumbscrew, ou as muitas gravações que ele fez com proeminentes
saxofonistas indo de Tim Berne a Marty Ehrlich e Ellery Eskelin. Embora, “As
Things Do” seja apenas o segundo lançamento do grupo, é um álbum soberbo e um
forte candidato à aclamação de fim de ano.
Com colegas como Kris Davis ao piano, Tony Malaby nos saxofones
e Ches Smith na percussão, ouvintes terão justificadas suas altas expectativas.
E como a estreia do grupo, “Time Like This (2018, Intakt)”, isto também reflete
a propensão do líder para a complexidade rítmica e comunicação simpática.
Malaby é integrante do sucesso do grupo, trazendo uma fúria ardente para a abertura
furiosa, "Bury the Lede", mas apenas tão efetiva em uma capacidade
subjugada, quanto no encerramento pungente de "Gone Home". Davis é
tão inventivo como sempre, alternativamente lírico e oblíquo, com bastante
surpresas para gerar interesse em cada uma das oito faixas, sem mencionar um
ataque visceralmente enérgico, apresentando amplamente em "Bury the
Lede". Seja segurando a bateria ou dando uma volta no vibrafone, Smith é
capaz de interagir e antecipar os movimentos dos seus parceiros com agilidade. E
o líder faz mais que mais do que suficiente para reforçar seu currículo como um
dos principais baixistas de sua geração, com passagens ágeis abundantes, ouvido
sem efeito melhor do que em "In Turn", onde ele interage com a
admirável loquacidade de Malaby.
As composições astutas de Formanek são também uma maravilha,
com cada uma possuindo bastante elasticidade para permitir que seus
companheiros a influenciar suas direções em formas sutis. "Rewind" é
um caso em foco, com um tema complexo que habilita Malaby e Davis tomar o tempo
deles na exploração de vários ângulos e desvios, enquanto Formanek e Smith mantêm
as sutis passagens rítmicas a partir da fragmentação. Ou a tomada de
"Rockaway Beach" uma imediatamente faixa engajada, que permite a Formanek,
Davis e Malaby uma chance de soltá-los sobre o funk fora de ordem da peça.
"Entropy" move-se em uma direção mais abstrata, com uma melodia cativante,
que eventualmente inicia com indeterminação, conforme dissolve gradualmente o
centro da peça. Mais a ambiguidade e o encantamento de tudo está em "Cracked Bells", onde o piano
preparado de Davis e o vibrafone lânguido de Smith inicia um devaneio elíptico,
com o soprano de Malaby graciosamente flutuando sobre tudo conforme a peça
encontra seu propósito e constrói em desdobramento intenso, os instrumentistas
vêm a ser progressivamente mais animados e o ritmo vem a ser incrementalmente
fraturado. No entanto, de alguma forma, os quatro param de ceder totalmente às
tendências às fissuras da música, enquanto o balanço final conduz a faixa a um
final satisfatório.
Tão desafiante quanto a música pode, às vezes, ser, há
momentos como a anteriormente mencionada "Gone Home", que simplesmente
dá prazer nas possibilidades apresentadas ou uma convincente e bem tocada melodia,
conforme Malaby dá rédea completa para sua musa lírica. Relembra-nos que a
concretude e o etéreo pode, às vezes, existir lado a lado, ilustrado tão
vividamente neste lançamento fora do comum.
Faixas:
Bury the Lede; Rewind; In Turn; Rockaway Beach; Cracked Bells; Entropy; I Don’t
Think So; Gone Home.
Músicos: Michael Formanek: baixo acústico; Tony Malaby:
saxofone tenor; Kris Davis: piano; Ches Smith: bateria, vibrafone (3, 5, 8).
Fonte: Troy Dostert (AllAboutJazz)
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