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domingo, 22 de setembro de 2024

HENRY THREADGILL ENSEMBLE - THE OTHER ONE (Pi Recordings)

Agora Henry Threadgill começou a receber as distinções que ele há muito merece. Ele venceu o prêmio Pulitzer em 2016 pelo “In for a Penny, In for a Pound (Pi Recordings, 2015)” sendo apenas o exemplo mais proeminente. É impressionante encontrá-lo ainda se esforçando incansavelmente como intérprete e compositor. Desde sua primeira incursão no jazz avant-garde nos anos 1970, o rebelde multi-instrumentista sempre fez música que desafia os ouvintes em formas excitantes, mas é sua excepcional habilidade para continuar encontrando novas formulações para sua arte, que é muito deslumbrante. Refutando o resto dos seus lauréis, a busca persistente de Threadgill por fronteiras sonoras inexploradas continuam inabaláveis, e o álbum de 2023, “The Other One”, é ainda outro notável triunfo.

Após seu trabalho pioneiro em trio com Fred Hopkins e Steve McCall em “Air”, Threadgill criou muito de sua música mais envolvente com grupos de tamanho médio. Com seu Sextett , nos anos 1980, em lançamentos como “Easily Slip into Another World (Arista/Novus, 1988)” e “Rag”, “Bush and All (Arista/Novus, 1989)” ou Very Very Circus, nos anos 1990, em “Too Much Sugar for a Dime (Axiom, 1993)” ou “Song Out of My Trees (Black Saint, 1993)”, a propensão de Threadgill para criar possibilidades harmônicas singulares em meio à agitação, frequentemente com temas rítmicos contagiantes foi sua marca registrada, e tendo pelo menos meia dúzia de colegas a reboque desses projetos de sua vitalidade criativa. Mais recentemente, seus lançamentos com seu grupo Zooid tendem a recorrer a um formato de quinteto, como em “Poof (Pi Recordings)” de 2021. Tudo isto feito para mudar para um formato de grande conjunto em 2018, um dos empreendimentos mais intrigantes de Threadgill. Seu grupo para este projeto, o curiosamente intitulado “14 or 15 Kestra: Agg”, concebido “Dirt...and More Dirt (Pi, 2018)” foi revigorante para ouvir as composições de Threadgill, que faz uso de uma paleta mais ampla (neste caso, foram incluídos dois bateristas e dois pianistas) para dar voz às suas peças amplas. À primeira vista, “The Other One would” parece um empreendimento relacionado, com uma banda composta por 12 membros colocados em ação (embora Threadgill atue apenas como compositor e maestro). Mas que qualquer gravação anterior de Threadgill, este lançamento possui ressonâncias mais clássicas, e uma correspondente linguagem atenuada de jazz. Mesmo assim, há mais do que bastante estímulo musical em uma hora de duração para justificar o prazer, que, sem dúvida, se receberá.

A banda não está sem conexões aos projetos iniciais de Threadgill, que inclui David Virelles (piano), Jose Davila (tuba), Christopher Hoffman (cello) e Craig Weinrib (percussão), todos que estiveram presentes em recentes álbuns de Threadgill. Porém, há uma ausência notável, o guitarrista Liberty Ellman, que teve um papel importante às propensões rítmica e melódicas as músicas de Threadgill desde “Up Popped the Two Lips (Pi, 2001)”. E com uma seção de cordas e palhetas, incluindo um segundo cellista (Mariel Roberts), uma violinista (Sara Caswell), uma violista (Stephanie Griffin) e dois fagotistas (Sara Schoenbeck e Adam Cordero), a banda tem o caráter fundamental e o som de um grupo de câmara de tamanho grande. As referências de blues e jazz emergem aqui e lá, mas eles tendem a ser fugitivos e voláteis, embora, certamente, não menos efetivo e memorável por isso.

O álbum é composto por uma longa composição, "Of Valence", que tem três movimentos, dois dos quais oferecem um número de relativamente breve seções, que trazem configurações menor da banda para a linha de frente. Virelles obtém cinco minutos especialmente cheios de movimento de solo iniciando durante as primeiras duas seções do Movement I (Movimento I). Se a música não está completamente tão contundente e ritmicamente inebriante quanto os projetos mais conhecidos de Threadgill, há algo irresistível sobre a audição de fagotes e cordas assumir grande parte do trabalho pesado, particularmente em suas interações delicadas com Virelles. Habilmente gerenciando as negociações entre formas compostas e improvisadas, estes instrumentistas são habilmente adequados à abordagem de Threadgill, e a exibe na música que nunca falha em surpreender e engajar. Quando os saxofones (Alfredo Colón, Noah Becker e Peyton Pleninger) finalmente fazem suas aparições em Sections 6A-7A com implicações distintivamente e com inflexões latinas, o efeito é especialmente paralisante. A cativante "Finale" vê a banda soltando-se um pouco mais, com Virelles outra vez produzindo um pouco de energia que Weinrib combina habilmente com um ritmo saltitante.

Movement III oferece similar prazer, sejam as harmonias fascinantes abaixo de Caswell e Becker (o último no clarinete) durante Sections 12-12B ou o complexo dinamismo rítmico suportando os saxofones na Section 14, com a tuba de Davila providenciando uma plenitude de fortes registros baixos. Porém, o destaque da composição é realmente o Movement II, onde a imaginação de Threadgill ressoa. Que inicia como um suave e penetrante segmento de cordas com Caswell, Griffin e Roberts em relacionamento próximo, que evolui para algo muito mais incomum, como a eletrônica conectada aos pratos de Weinrib anunciando uma transição em um espaço instável, com os outros instrumentos gradualmente encontrando seus caminhos em turbilhão abrasivo e improvisado, antes de apresentar outras nuances mais oblíquas e possibilidades. Porém, diferentemente, os prazeres mais episódicos do resto do álbum, estão sustentados em dezesseis minutos de extravagância ininterrupta da música com os músicos mais animados. E muito parecido com o imponente corpo de trabalho de Threadgill como um todo, há sempre uma sutil beleza a ser encontrada entre o tumulto.

Faixas: Movement I: Sections 1-2; Section 3; Sections 4-4A; Sections 5-6; Sections 6A-7A; Sections 8-8A; Sections 9-11; Section 11 (Trapset Interlude); Finale; Movement II; Movement III: Section 11A; Sections 12-12B; Section 12B (Violin Interlude); Section 13; Section 14; Section 15; Section 16; Section 17; Finale.

Músicos: Henry Threadgill: palhetas; David Virelles: piano; Alfredo Colón: saxofone alto; Noah Becker: saxofone tenor; Peyton Pleninger: saxofone tenor; Sara Caswell: violino; Stephanie Griffin: viola; Christopher Hoffman: cello; Mariel Roberts: cello; Jose Davila: trombone baixo; Sara Schoenbeck: fagote; Adam Cordero: saxofone alto; Craig Weinrib: bateria.

Fonte: Troy Dostert (AllAboutJazz)

 

 

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