O caso de amor de Warren com a música brasileira, mais notavelmente
associada a Hermeto Pascoal, dificilmente precisa ser reafirmada aqui. Porém, “Choro,
Choro, Choro” seja talvez seu lançamento mais pessoal e celebratório ainda no
domínio que ele tanto preza.
Embora choros sejam, geralmente, peças instrumentais para uma
banda, Warren tem escolhido interpretações solo para piano de compositores de
raiz da música (o repertório de Ernesto Nazareth encerra o álbum) até
compositores contemporâneos como o amado por Warren, Pascoal. Warren contribui
com duas composições, uma maravilha dedicada a Pascoal (‘Chorinho for Hermeto’)
e a urgentemente melancólica ‘Desequilibrado’, que inclina e guina como uma
barca lançada pela tempestade, mas nunca perde o equilíbrio.
Choros são essencialmente canções para dança – Nazareth estava
fundindo-se com polkas, ritmos africanos, valsas, tango e ragtime do final dos
anos 1880 – mas no uso do contraponto eles também contrabandeiam temas mais
sombrios para a melodia ostensivamente alegre. Assim, ‘Choro pro Zé’ mistura
romance com desolação, ‘Agradecendo’ é morrer por exuberância, e até mesmo o
que pode ser considerado uma brincadeira alegre, ‘Intocável’, encerra com acordes
que se confrontam à noite. Épico no piano solo, só podemos esperar com feliz
expectativa pela banda ampliada em turnê, com Tori Freestone na flauta.
Músicos: Huw Warren – piano; Tori Freestone – flauta; Yuri
Goloubev – baixo; Adriano Adewale – bateria.
Fonte: Andy
Robson (JazzWise)
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