Ainda não é tarde para conversar com o saxofonista alto e
compositor Marion Brown. Graças a este excelente reedição e série resmaterizada,
você pode ouvir gravações inovadoras deste mestre da música. Este lançamento
seguiu seus discos de 1965/66, “Capricorn Moon To Juba Lee Revisited
(ezz-thetics, 2019)” e “Why Not? Porto Novo! Revisited (ezz-thetics, 2020)” de 1966/67.
As excelentes notas para o disco, feitas por Chris May, postulam
uma resposta à relativa obscuridade de Brown. Ele essencialmente coloca a culpa
no mercado. As gravadoras e sua equipe de relações públicas favoreciam músicos
unidimensionais previsíveis nas décadas de 1960 e 70 e Brown nunca foi alguém
que pudesse ser preso ou rotulado. Julgando pelas sessões de outros artistas
com os quais ele tocou, “Ascension (Impulse!, 1966)” de John Coltrane , “Fire
Music (Impulse!, 1965)” e “Attica Blues (Impulse!, 1972”) de Archie Shepp e “Burton
Greene Quartet (ESP-Disk, 1966)”, mais uma série de músicos com os quais atuou,
incluindo Sun Ra e Ornette Coleman, ele foi considerado um membro estimado do jazz
avant-garde. Adicionalmente, Brown acabaria por convidar Anthony Braxton,
Wadada Leo Smith, Mal Waldron, Han Bennink, Andrew Cyrille, Rashied Ali e Chick
Corea para gravar em seus próprios projetos.
“Three For Shepp” está inscrito para seu mentor, conforme
Archie Shepp dedicou seu “Four For Trane (Impulse! 1965)” para Coltrane. O álbum
tem três composições originais e três reinterpretações de Shepp. O ecletismo de
Brown é evidente ao longo do trabalho. Seu "New Blue" e
"Delicado" de Shepp acompanham a vibração de New Thing da
década de 1960, especialmente os sons de Ornette Coleman. As faixas permitem
aos ouvintes contrastar o ataque do piano de Dave Burrell versus Stanley Cowell
e o toque da bateira de Bobby Kapp (o lançamento original lista como 'Bobby
Capp') versus Beaver Harris. Esse aspecto multidimensional de Brown é evidente
aqui com a linda viagem espacial de "Fortunado" o falando em línguas "The
Shadow Knows", o caribenho de Sonny Rollins soando "West India"
e o suíngue retrô de "Spooks".
Com Gesprächsfetzen Brown compartilha a liderança com
o multi-instrumentista e compositor Gunter Hampel que atua no vibrafone e
clarinete baixo. A faixa título, composta por Brown, sente-se mais como uma improvisação
free para todo o grupo. Ele combina o vibrafone de Hampel e o sax alto
de Brown antes que o restante da banda entre, dividindo solos hesitantes entre
os músicos. "Exhibit A" é um trabalho solo de Brown nas bordas
externas do som e no seu instrumento. A banda muda de marcha (outra vez) com
"Babudah" que vem do cânon de Gil Evans/Miles Davis e "Aba",
uma meditação cinemática, tudo para desespero de um departamento de marketing
corporativo.
Faixas : New
Blue; Fortunato; The Shadow Knows; Spooks; West India; Delicado;
Gesprachsfetzen; Exhibit A; Babudah; Tomorrow Is The Beginning Of The End Of
Yesterday; Aba.
Músicos:
Marion Brown (saxofone alto); Grachan Moncur III (trombone); Dave Burrell
(piano); Stanley Cowell (piano); Beaver Harris (bateria); Gunter Hampel
(palhetas,clarinete baixo, vibrafone);Norris Jones (baixo acústico); Bobby Kapp
(bateria); Ambrose Jackson (trompete); Buschi Niedergall (baixo acústico); Steve
McCall (bateria); Burton Greene (piano).
Fonte: Mark
Corroto (AllAboutJazz)
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