O compositor Frank Denyer nasceu em Londres em Abril de 1943.
“Screens” foi gravado no Menuhin School em Surrey, Inglaterra, em
Setembro de 2022, serve para marcar o octagésimo aniversário de Denyer. É seu
sexto álbum pela Another Timbre, seu primeiro foi o terceiro lançamento da
gravadora, “Music for Shakuhachi (2007)”, que apresentou quatro composições de Denyer
para solo de shakuhachi ou shakuhachi (NT: O shakuhachi
é uma flauta tradicional japonesa feita de bambu e é considerada uma arte
milenar) mais percussão, tocada pelo mestre da shakuhachi , Yoshikazu
Iwamoto, numa época em que a gravadora recém-formada parecia mais interessada
em improvisação (os dois primeiros álbuns da gravadora apresentavam John
Butcher e Phil Minton respectivamente).
As cinco composições de “Screens” datando de 1973 (duas peças),
1990, 2017/18 e 2020/21 cobrem um período de quarenta e oito anos de quando
Denyer estava em seus trinta de seus atuais setenta. A música aqui foi toda
tocada por membros do Octandre Ensemble conduzido por Jon Hargreaves que,
com Denyer, foi responsável pela direção musical. Numa configuração semelhante
à do Apartment House, os músicos do Octandre Ensemble variam de
peça para peça, dependendo dos requisitos das composições. Qualquer pessoa que
queira entender as composições de Denyer faria bem em percorrer a lista de músicos
e os instrumentos que eles tocam em cada faixa. Ao lado de instrumentos tais
como violinos, cellos, flautas e clarinetes que estaria em casa na maioria das
orquestras, estão listados os menos conhecidos, como genggong, chamada de corvo,
jaltarang (NT: é um instrumento musical de percussão
melódico que se origina no subcontinente indiano. É composto por um conjunto de
tigelas de cerâmica ou metal afinadas com água e percutidas com uma baqueta em
cada mão), santur (NT: é um instrumento de
cordas percutidas da família do saltério. É típico da música clássica persa)
e um conjunto de berimbau, bem como outros mais mundanos, como mármore no tampo
da mesa, apito de pastor e vasos de plantas. A escuta prolongada sugere que
Denyer seleciona alguns instrumentos principalmente pelos sons únicos que
emitem.
Sensatamente, as composições não foram programadas em ordem
cronológica, embora a mais moderna, as cinco partes de "Five Views of the
Path" encerre o álbum. Este embaralhamento do pacote serve para ilustrar a
continuidade da música de Denyer sobre o período em questão. As duas peças de
1973, "Unison 1" e "Unison 3" são separadas pela faixa
título, "Screens", composta em 2017/18. Todas as três apresentam
vocais etéreos sem palavras, que se misturam bem com outros instrumentos. A
peça título é singular na apresentação da voz de Denye, recitando em vez de
cantar uma peça sobre sons, interrompida ocasionalmente por uma percussão que
chama a atenção.
Embora cada faixa seja atraente do início ao fim, "Five
Views of the Path" é indubitavelmente a melhor do álbum, sua mistura de
vozes e instrumentos barrocos sendo compensada pelo uso sutil da percussão. Demonstra
que os melhores anos e trabalhos de Denyer não estão necessariamente atrás dele
e valerá a pena assisti-lo no futuro. Com sua ampla gama de composições Denyer,
“Screens” é recomendado como um ponto de começo para aqueles que desejam
investigar a música de Denyer, mas também irá apelar para aqueles já
convertidos.
Faixas: Broken
Music (1990); Unison 1 (1973); Screens (2017/18); Unison 3 (1973); Five Views
of the Path (2020/21).
Músicos: Frank Denyer (compositor / maestro); Octandre
Ensemble:- Jon Hargreaves: maestro; Audrey Milhères: flauta, piccolo, chamada
de corvo, chamada de coelho nos bastidores (1); Ilze Ikse: melodica[NT: espécie de clavicórdio com registro de flauta], apito
de bico, apito de pastor, mármore no tampo da mesa (1), flauta barroca
transversa (5-9), flauta baixo (5-9), apito de cana (5-9), mestre de vento acme
(4-9); Patrick Bolton: fagote, contrabaixo (1); Coretin Chassard: violoncello
(1, 3); Sam Cave: banjo (1), bandolim (5-9), genggong (5-9) ; Anneke Hodnett:
harpa (1); Calum Huggan & Adam Cracknell: percussão (instrumentos não
padronizados) (1); Frank Denyer: chamada do corvo fora do palco (1), palestrante
(4); Christian Mason: chamada de raposa nos bastidores (1); Juliet Fraser: voz
(2, 4-9); Richard Craig: flauta transversal barroca (2, 4-9) flauta baixo (3-4)),
flauta concerto (4), flauta baixo (4), piccolo (5-9); Chris Goodman: clarinete em
si bemol (2-3); Benjamin Marquise Gilmore: violino (2, 4-9); Richard Jones:
viola (2-4); Joshua Balance: voz (3); Calum Huggan: percussão 1 (jaltarang)
(4), percussão 1 (incluindo vasos de plantas) (5-9) ; Angela Wai Nok Hui:
percussão 2 (santur) (4); Taylor MacLennan: flauta transversal barroca (5-9), mestre
de vento acme (5-9); Adam Cracknell: percussão 2 (incluindo rack de berimbau)
(5-9).
Fonte: John
Eyles (AllAboutJazz)
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