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quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

JEANFRANÇOIS PRINS - BLUE NOTE MODE (GAM)

Muito da história do jazz pós 1965 tem sido uma busca pelo ponto ideal entre seus focos de música popular e artística? Bem, com “Blue Note Mode”, o guitarrista belga Jeanfrançois Prins parece tê-lo encontrado. Se o título não diz isso (não por coincidência, o álbum foi gravado no estúdio de Rudy Van Gelder), os membros da banda — Jeremy Pelt e Jaleel Shaw, instrumentistas de sopro; o pianista Danny Grissett, o baixista Jay Anderson e o baterista E.J. Strickland — o fazem.

Na verdade, há uma certa natureza de imagem lenticular em “Blue Note Mode”. Examinado de um ângulo, é uma gravação hard-bop: plena de suíngue e blues, calor, instrumentos de sopro lamentosos (“Blue Note Mode”, “Move or Be Moved”) e a clareza líquida da entonação da guitarra de Prins (“Diana”, “’Round Midnight”). Abordada de um outro ângulo, no entanto, é um álbum exploratório e pós-bop com formas não convencionais e mudanças no tempo (“H and C’s Dance”), harmonias inquietantes (“Blues Sea”) e padrões reajustados com ritmos hip-hop (“Daahoud”). Nunca, porém, essa dicotomia parece forçada ou bipolar. É tudo uma tapeçaria lindamente coesa.

E isso claramente inspira todos os envolvidos. O trompetista Pelt, em particular, está em lágrimas. Cada vez que ele assume o solo, destaca-se e brilha através dele. “Move Or Be Moved” de Prins é um exemplo brilhante: Da propulsiva linha do alto de Shaw, Pelt decola como se tivesse sido picado por uma abelha, com cada frase consecutiva sendo uma nova fanfarra. Prins sistematicamente segue Pelt nas sequências solo, e, seja por inspiração deste último ou por sua própria centelha, ele sempre parece fazer parte. Na faixa título, o trompetista encerra seu solo com um toque refrigerante, que Prins imediatamente descarta para queimar a junta.

Importantemente, entretanto, Prins pode gerar séria eletricidade sem os instrumentos de sopro, e o faz em seis das doze faixas do álbum. Ele e Grissett estabeleceram uma cintilante maratona de solo duplo em “I’m Movin’ On” e “Ornette-Lee” do guitarrista (irônico que a última, denominada para dois saxofonistas favoritos de Prins, não tem instrumento de sopro). O líder, então, surpreende com um doce vocal no encerramento em “Too Late Now”. É um belo momento que torna as identidades pop ou artísticas irrelevantes.

Faixas

1.Blue Note Mode 05:56

2.I'm Movin' On 06:02

3.Our Prayer for Peace 08:40

4.H and C's Dance 09:17

5.Blues Sea 06:53

6.Ornette-Lee 06:51

7.Diana 08:49

8.J Mood 05:30

9.Daahoud 05:24

10.Round Midnight 08:46

11.Move or Be Moved 04:10

12.Too Late Now 02:57

Músicos: Jeanfrançois Prins:  guitarra, vocal (faixa 12); Danny Grissett: piano; Jay Anderson: baixo; E.J. Strickland:  bateria; Jeremy Pelt:  trompete; Jaleel Shaw: sax alto.

Fonte:  Michael J. West (DownBeat) 

 

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