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sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

MAL WALDRON & STEVE LACY - THE MIGHTY WARRIORS (Elemental Music)

O produtor/detetive de jazz, Zev Feldman, ainda está nisso, descobrindo gravações inéditas de gigantes do jazz do passado e lançando-as com qualidade de som aprimorada e embalagem de primeira classe. Gravações perdidas dos pianistas Bill Evans, Thelonious Monk, Art Tatum e Ahmad Jamal viram a luz do século XXI, graças a Feldman, assim como a música recém-descoberta do trompetista Chet Baker. Agora é o pianista Mal Waldron (1925 -2002) e o saxofonista soprano Steve Lacy (1934 -2004) por sua vez, com “The Mighty Warriors”. O disco duplo provém de um concerto de 1995 no De Singel Arts Center na Antuérpia, Bélgica.

Waldron e Lacy expatriados dos Estados Unidos. Waldron migrou para Europa no meado dos anos 1960. Lacy migrou para Paris em 1970. Trabalharam e gravaram juntos frequentemente. Waldron tem a distinção de participar - como líder - do primeiro lançamento da ECM Records, “Free At Last (1970)”.

Waldron e Lacy são frequentemente considerados como rapazes do free-jazz. Deve haver alguma verdade nisto, mas eles eram melodistas de primeira ordem. A música deles—juntos e separados— era acessível e aventureira. Waldron, como Monk, Andrew Hill e Bud Powell, era um estilista que parecia diferente de qualquer outra pessoa. John Coltrane obteve um bocado de crédito por popularizar o sax soprano, mas Lacy estava lá antes dele neste caso, lançando três álbuns antes de Coltrane, que saiu com o inovador “My Favorite Things (Atlantic Records, 1961)”.

“The Mighty Warriors” mostra Waldron e Lacy em um trabalho em quarteto, reunidos ao baterista Andrew Cyrille e ao baixista Reggie Workman. Os instrumentistas soam livres, "indo em frente". O primeiro disco é relativamente conciso com quatro músicas, cada uma durando entre seis e dezessete minutos. A abertura, "What It Is", vem da pena de Waldron. São dezessete minutos divagantes. Waldron estabelece um ritmo hipnotizante. Lacy—com seu som seco e robusto—pesquisa. Cyrille e Waldron estabelecem uma agitação controlada e cambaleante de um cenário. Lacy compôs os doze minutos de "Longing". Ele reclama de seu desejo não realizado, depois muda para o mais lindo dos devaneios.. Faixas 2 e 4 são originais de Monk, "Epistrophy" e "Monk Dream" tira a música de uma atmosfera taciturna, adicionando um toque bem-vindo de familiaridade e diversão ao trabalho.

O Disco 2 de “The Mighty Warriors” move-se mais próximo do free jazz, com duas faixas extensas, "Variation of III" e "Medley: Snake Out/Variations on a Theme by Cecil Tayor", ambas marcando a marca dos vinte e cinco minutos. Esta última abre como um ataque frontal, feroz e percussivo. A primeira soa como um viajante perdido em uma terra estrangeira. Ele abre com o arco solitário do baixo de Workman, que leva a uma maravilhosa hesitação musical de outro mundo que para e recomeça.

Waldron e Lacy não ostentavam os perfis mais elevados. Suas mudanças para a Europa, longe das grandes gravadoras e dos clubes de Nova York, foram, provavelmente, parcialmente responsáveis ​​por isso. Seu talento e abordagem inovadora para fazer música eram do mais alto nível e podem ser experimentados em “The Mighty Warriors”.

Faixas: CD 1: What It Is; Epistrophy; Longing; Monk's Dream. CD 2: Variation Of III; On A Theme By Cecil Taylor.

Músicos: Mal Waldron (piano); Steve Lacy (saxofone soprano); Reggie Workman (baixo); Andrew Cyrille (bateria).

Fonte: Dan McClenaghan (AllAboutJazz)

 

 

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