O produtor/detetive de jazz, Zev Feldman, ainda está nisso, descobrindo
gravações inéditas de gigantes do jazz do passado e lançando-as com qualidade
de som aprimorada e embalagem de primeira classe. Gravações perdidas dos pianistas
Bill Evans, Thelonious Monk, Art Tatum e Ahmad Jamal viram a luz do século XXI,
graças a Feldman, assim como a música recém-descoberta do trompetista Chet
Baker. Agora é o pianista Mal Waldron (1925 -2002) e o saxofonista soprano
Steve Lacy (1934 -2004) por sua vez, com “The Mighty Warriors”. O disco duplo provém
de um concerto de 1995 no De Singel Arts Center na Antuérpia, Bélgica.
Waldron e Lacy expatriados dos Estados Unidos. Waldron migrou
para Europa no meado dos anos 1960. Lacy migrou para Paris em 1970. Trabalharam
e gravaram juntos frequentemente. Waldron tem a distinção de participar - como
líder - do primeiro lançamento da ECM Records, “Free At Last (1970)”.
Waldron e Lacy são frequentemente considerados como rapazes
do free-jazz. Deve haver alguma verdade nisto, mas eles eram melodistas de
primeira ordem. A música deles—juntos e separados— era acessível e aventureira.
Waldron, como Monk, Andrew Hill e Bud Powell, era um estilista que parecia
diferente de qualquer outra pessoa. John Coltrane obteve um bocado de crédito
por popularizar o sax soprano, mas Lacy estava lá antes dele neste caso, lançando
três álbuns antes de Coltrane, que saiu com o inovador “My Favorite Things (Atlantic
Records, 1961)”.
“The Mighty Warriors” mostra Waldron e Lacy em um trabalho
em quarteto, reunidos ao baterista Andrew Cyrille e ao baixista Reggie Workman.
Os instrumentistas soam livres, "indo em frente". O primeiro disco é relativamente
conciso com quatro músicas, cada uma durando entre seis e dezessete minutos. A
abertura, "What It Is", vem da pena de Waldron. São dezessete minutos
divagantes. Waldron estabelece um ritmo hipnotizante. Lacy—com seu som seco e robusto—pesquisa.
Cyrille e Waldron estabelecem uma agitação controlada e cambaleante de um
cenário. Lacy compôs os doze
minutos de "Longing". Ele reclama de seu desejo não realizado,
depois muda para o mais lindo dos devaneios.. Faixas 2 e 4 são originais de
Monk, "Epistrophy" e "Monk Dream" tira a música de uma
atmosfera taciturna, adicionando um toque bem-vindo de familiaridade e diversão
ao trabalho.
O Disco 2 de “The Mighty Warriors” move-se mais próximo do free
jazz, com duas faixas extensas, "Variation of III" e
"Medley: Snake Out/Variations on a Theme by Cecil Tayor", ambas
marcando a marca dos vinte e cinco minutos. Esta última abre como um ataque
frontal, feroz e percussivo. A primeira soa como um viajante perdido em uma
terra estrangeira. Ele abre com o arco solitário do baixo de Workman, que leva
a uma maravilhosa hesitação musical de outro mundo que para e recomeça.
Waldron e Lacy não ostentavam os perfis mais elevados. Suas
mudanças para a Europa, longe das grandes gravadoras e dos clubes de Nova York,
foram, provavelmente, parcialmente responsáveis por isso. Seu talento e
abordagem inovadora para fazer música eram do mais alto nível e podem ser
experimentados em “The Mighty Warriors”.
Faixas: CD
1: What It Is; Epistrophy; Longing; Monk's Dream. CD 2: Variation Of III; On A
Theme By Cecil Taylor.
Músicos:
Mal Waldron (piano); Steve Lacy (saxofone soprano); Reggie Workman (baixo); Andrew
Cyrille (bateria).
Fonte: Dan
McClenaghan (AllAboutJazz)
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