Álbuns de Jazz que apresentam duo de violino-piano são
incomuns. Com dois instrumentos, os músicos necessitam sincronizar em um nível
profundo e se for bem-sucedido, eles podem elevar suas performances e a
experiência auditiva de bom a ótimo. Para conseguir isso, eles precisam estar
receptivos a cada movimento que o outro faz. Cada músico necessita ser hábil em
adotar rapidamente uma harmonia ou criar uma contramelodia. Essas
características estão totalmente expostas aqui, já que não foram utilizados sobreposições,
filtros ou efeitos nesta gravação.
Pode parecer uma maneira estranha de se conhecer, mas a violinista
japonesa Meg Okura e o pianista estadunidense Kevin Hays encontraram-se em um
ônibus em Nova York em 2014. Eles têm colaborado frequentemente desde então, mas
“Lingering” é seu álbum de estreia como um duo. Eles vêm de origens musicais
muito diferentes. Hays é um vencedor de um Grammy Award, cujo som vem da
imersão no jazz moderno e post-bop. Ele conhece bem as colaborações em dueto,
tendo lançado álbuns em dupla com Bill Stewart e Lionel Loueke, bem como
trabalha com Eddie Henderson, Sonny Rollins e John Scofield. Okura iniciou no
mundo da música clássica, tornando-se violinista concertista antes de se
concentrar no jazz após sua graduação na Juillard. Ela trabalhou com Michael
Brecker e Lee Konitz, lançou numerosos álbuns em seu próprio nome e é a fundadora
do Pan Asian Chamber Jazz Ensemble.
A vocação de Okura, uma violinista, não conta toda a
história. Ela não apenas puxa o arco nas cordas. Ela toca pizzicato. Ela usa
técnicas clássicas. Ela usa o violino como um instrumento de percussão. Ela usa
sua proficiência e a madeira do arco e diversas outras técnicas para adicionar
variação, ritmo e humor.
A seção central do álbum consiste de um conjunto de melodias
de influência judaica chamada "Seven Short Pieces". Elas foram
compostas, especificamente, para o duo de Okura durante a pandemia. Eles
abrangem uma variedade de estilos musicais, abrindo com "Aleph" com
Okura tocando o ritmo da linha do baixo em pizzicato. Isto é captado no piano, permitindo
ao violino explorar. O piano toca o contraponto como se eles explorassem novos
fragmentos melódicos. "Mi is Who is He is She" tem um lindo chamado e
resposta folclórica celta, criando uma melodia dançante enquanto o violino
desce e sobe. "Maim Korim" tem um tema atraente, Okura dedilha e usa
o arco e combina perfeitamente com Hays para criar uma sensação de admiração. As
notas leves e rápidas e a melodia dramática e rodopiante de "Hora
Tarantella" conduzem ritmos animados de dança folclórica para completar a
suíte.
"Waltz For Wollesen" é uma composição de Hays que
foi apresentada em suas gravações anteriores com grupos de diferentes formatos.
Okura brilha nesta versão sombria muito alterada. Outros destaques são a
melodia sedutora e sentimental de "Without Words" e "Again And
Again" com suas mudanças de humor. Há, também, duas faixas puramente improvisadas.
A divertida “Improvisation No 2” é a escolha certa, pois surpreendentemente é
bem balançante.
Esta combinação de folk, clássico e jazz está constantemente
movendo-se e mudando. Ela nunca para em um lugar por muito tempo antes de
passar de melodia em melodia e misturar a improvisação na mistura de tons e
climas. Os músicos são intrépidos. Não há uma rede de segurança de efeitos no
estúdio. Eles confiam em sua sinergia, inspirando-se mutuamente a novos
patamares e criaram um álbum lindamente expressivo que é fácil de recomendar.
Faixas: Improvisation
No. 1; Without Words; Again and Again; Will You Hear My Voice; Seven Short
Pieces: I.Aleph; Seven Short Pieces: II. Blues Kachol; Seven Short Pieces: III.
Mi is Who is He is She; Seven Short Pieces: IV. Maim Korim; Seven Short Pieces:
V. Shamaim; Seven Short Pieces: VI. Lilah; Seven Short Pieces: VII. Hora
Tarantella; Waltz For Wollesen; Improvisation No. 2; Lingering.
Músicos: Meg Okura (violino); Kevin Hays (piano).
Fonte: Neil
Duggan (AllAboutJazz)
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