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domingo, 22 de dezembro de 2024

VINICIUS CANTUÁRIA – PSYCHEDELIC RIO (Sunnyside Records)

Formado no Rio em 1968, quando tinha 17 anos e o Brasil estava sob uma ditadura cívico-militar, O Terço (The Third/Rosary) Vinicius Cantuária foi vocalista-compositor e guitarrista do primeiro trabalho do grupo. Ele tocou bateria com o trio, que estava, como ele disse, "sob a influência" de Crosby Stills & Nash. Pode-se ouvir outras influências do folk rock psicodélico também. Com seu primeiro lançamento em 1970 (O Terço, Forma), o grupo rapidamente veio a ser popular, mas—após dois álbuns de sucesso— ele o deixou por campos mais amplos, unindo-se a Caetano Veloso em 1973, com quem ele primeiro gravou "Rio Negro" (Rio Negro, Chorus Estudio, 1991), a faixa líder em “Psychedelic Rio”.

Cantuária gravou a maioria das faixas de “Psychedelic Rio” anteriormente como líder ou acompanhante: "É Preciso Perdoar" (Cesária Évora e Veloso com Ryuichi Sakamoto, Red Hot + Rio, Antilles, 1996), "Uirapuru" (Vinicius, Transparent, 2001), "Berlin" (Samba Carioca, Naïve, 2010), "Humanos" (Indio de Apartamento, Naïve, 2012) e "Insensatez" (Vinicius Canta Antônio Carlos Jobim, Song X Jazz, 2015).

Parte de sua ideia para a criação de “Psychedelic Rio” foi "para virar a música de cabeça para baixo", trocando um estilo da quietude da bossa nova por algo que "demanda ser tocado alto". Porém, pode se pensar sobre um retorno de Cantuária às suas raízes, uma espécie de retrospectiva. Como O Terço, a banda aqui descrita como um "poderoso trio" (guitarra, baixo, bateria), mas incorpora uma estética com sofisticada inflexão jazzística, cultivada em colaboração com diversos músicos ao longo dos anos no Rio e, especialmente, em Nova York, onde ele vive e mora desde 1996.

Refletindo sua jornada musical em uma entrevista em 2018 ("The Many Changes of Vinicius Cantuária", Afropop Worldwide), Cantuária fala de "uma grande parede branca" como "a ideia para minha carreira". Ele explanou desta forma: " Convido alguns amigos apenas para colocar algumas cores na parede branca. Bill Frisell vem com o azul – boom! Então Brad Mehldau joga com o vermelho — bum! E no final, você não tem mais parede branca". Um núcleo silencioso, uma sensibilidade acústica, permanece, mesmo num ambiente eletrônico. Examinando as influências primarias que ele reconhece —Miles Davis, Antônio Carlos Jobim, Bill Evans, Chet Baker e Karlheinz Stockhausen—faz senso.

Os músicos que Cantuária convidou para pintar sua parede para “Psychedelic Rio” são italianos, mas ambos passaram um tempo morando e aprendendo no Brasil. O baixista Paolo Andriolo abordou Cantuária em um dos seus concertos no Rio. Pouco depois, o par começou tocando junto no apartamento de Cantuária e o baterista Roberto Rossi foi introduzido no encontro. Rossi tocou percussão no primeiro álbum solo de Andriolo, “Rio Funk (Azoto, 2009)”. O trio deu certo e, em poucas semanas, transferiram a jam para o Jupiter Studios para começar a trabalhar no álbum.

"Nossa Estrada" (Our Road), A penúltima faixa, é o coração do álbum— batendo em tempo triplo —e a única composição nova de Cantuária. O acordeón melancólico de Rafael Meninão empresta um sutil sabor sertanejo brasileiro à performance. Cantando com uma voz baixa e quente sobre seu próprio acompanhamento simples de guitarra acústica — com sua guitarra elétrica sobreposta em fragmentos expressivos enquanto o baixo de Andriolo puxa as cordas por baixo —Cantuária contempla um grande amor pela música e uma longa carreira, " muito tempo juntos nesta estrada onde florescem flores e espinhos". Muitas vezes " pensamos em jogar tudo fora, mas não desistimos, seguimos, lado a lado, recebendo, entregando, aprendendo, ensinando".

Faixas: Rio Negro; É Preciso Perdoar; Uirapuru; Berlin; Humanos; Insensatez; Nossa Estrada; Verde Mata.

Músicos: Vinicius Cantuária (guitarra, vocal); Paolo Andriolo (baixo); Rafael Meninão (acordeón); Gianluca Ballarin (teclados); Roberto Rossi (bateria).

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=eWGGv2-lMv8

Fonte: Katchie Cartwright (AllAboutJazz)

 

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