Formado no Rio em 1968, quando tinha 17 anos e o Brasil
estava sob uma ditadura cívico-militar, O Terço (The Third/Rosary) Vinicius
Cantuária foi vocalista-compositor e guitarrista do primeiro trabalho do grupo.
Ele tocou bateria com o trio, que estava, como ele disse, "sob a
influência" de Crosby Stills & Nash. Pode-se ouvir outras influências
do folk rock psicodélico também. Com seu primeiro lançamento em 1970 (O Terço,
Forma), o grupo rapidamente veio a ser popular, mas—após dois álbuns de sucesso—
ele o deixou por campos mais amplos, unindo-se a Caetano Veloso em 1973, com
quem ele primeiro gravou "Rio Negro" (Rio Negro, Chorus Estudio,
1991), a faixa líder em “Psychedelic Rio”.
Cantuária gravou a maioria das faixas de “Psychedelic Rio”
anteriormente como líder ou acompanhante: "É Preciso Perdoar"
(Cesária Évora e Veloso com Ryuichi Sakamoto, Red Hot + Rio, Antilles, 1996),
"Uirapuru" (Vinicius, Transparent, 2001), "Berlin" (Samba
Carioca, Naïve, 2010), "Humanos" (Indio de Apartamento, Naïve, 2012) e
"Insensatez" (Vinicius Canta Antônio Carlos Jobim, Song X Jazz,
2015).
Parte de sua ideia para a criação de “Psychedelic Rio” foi
"para virar a música de cabeça para baixo", trocando um estilo da
quietude da bossa nova por algo que "demanda ser tocado alto". Porém,
pode se pensar sobre um retorno de Cantuária às suas raízes, uma espécie de
retrospectiva. Como O Terço, a banda aqui descrita como um "poderoso
trio" (guitarra, baixo, bateria), mas incorpora uma estética com
sofisticada inflexão jazzística, cultivada em colaboração com diversos músicos
ao longo dos anos no Rio e, especialmente, em Nova York, onde ele vive e mora
desde 1996.
Refletindo sua jornada musical em uma entrevista em 2018
("The Many Changes of Vinicius Cantuária", Afropop Worldwide),
Cantuária fala de "uma grande parede branca" como "a ideia para
minha carreira". Ele explanou desta forma: " Convido alguns amigos
apenas para colocar algumas cores na parede branca. Bill Frisell vem com o azul
– boom! Então Brad Mehldau joga com o vermelho — bum! E no final, você não tem
mais parede branca". Um núcleo silencioso, uma sensibilidade acústica, permanece,
mesmo num ambiente eletrônico. Examinando as influências primarias que ele
reconhece —Miles Davis, Antônio Carlos Jobim, Bill Evans, Chet Baker e
Karlheinz Stockhausen—faz senso.
Os músicos que Cantuária convidou para pintar sua parede
para “Psychedelic Rio” são italianos, mas ambos passaram um tempo morando e
aprendendo no Brasil. O baixista Paolo Andriolo abordou Cantuária em um dos
seus concertos no Rio. Pouco depois, o par começou tocando junto no apartamento
de Cantuária e o baterista Roberto Rossi foi introduzido no encontro. Rossi tocou
percussão no primeiro álbum solo de Andriolo, “Rio Funk (Azoto, 2009)”. O trio
deu certo e, em poucas semanas, transferiram a jam para o Jupiter
Studios para começar a trabalhar no álbum.
"Nossa Estrada" (Our Road), A penúltima faixa, é o
coração do álbum— batendo em tempo triplo —e a única composição nova de Cantuária.
O acordeón melancólico de Rafael Meninão empresta um sutil sabor sertanejo
brasileiro à performance. Cantando com uma voz baixa e quente sobre seu próprio
acompanhamento simples de guitarra acústica — com sua guitarra elétrica
sobreposta em fragmentos expressivos enquanto o baixo de Andriolo puxa as
cordas por baixo —Cantuária contempla um grande amor pela música e uma longa
carreira, " muito tempo juntos nesta estrada onde florescem flores e
espinhos". Muitas vezes " pensamos em jogar tudo fora, mas não
desistimos, seguimos, lado a lado, recebendo, entregando, aprendendo, ensinando".
Faixas: Rio Negro; É Preciso Perdoar; Uirapuru; Berlin;
Humanos; Insensatez; Nossa Estrada; Verde Mata.
Músicos: Vinicius Cantuária (guitarra, vocal); Paolo
Andriolo (baixo); Rafael Meninão (acordeón); Gianluca Ballarin (teclados); Roberto
Rossi (bateria).
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=eWGGv2-lMv8
Fonte: Katchie
Cartwright (AllAboutJazz)
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