“In Perfect Harmony: The Lost Album” apresenta uma intrigante
colaboração entre os trompetistas Chet Baker e Jack Sheldon. Derivada de uma sessão
de estúdio recém-descoberta de 1972 e lançada pelo selo Jazz Detective, foi
coproduzido por Zev Feldman e pelo produtor de filmes Frank Marshall. Acompanhados
por uma formação estelar composta por Jack Marshall (guitarra), Dave Frishberg
(piano), Joe Mondragon (baixo) e Nick Ceroli (bateria), o sexteto suínga
através de um repertório extraído principalmente do grande repertório
estadunidense, suplementado por uma composição de Sheldon e uma balada de um
compositor mexicano.
Embora à primeira vista a combinação desses dois
trompetistas/cantores em particular possa parecer incompatível, Baker e
Sheldon— conforme descrito no livreto atencioso e informativo de 15 páginas que
acompanha este CD — eram bons amigos e foi Sheldon quem convenceu Baker a
participar desta gravação. A dinâmica entre Baker e Sheldon é interessante, com
cada artista trazendo seu sabor único para a mesa. Em todas as faixas, Sheldon pode
ser ouvido cantando e tocando no canal esquerdo e Baker no direito.
A faixa de abertura é "This Can't Be Love" com
Sheldon percorrendo as letras em um vibrato trêmulo. O vocal de Baker é
igualmente breve, porém mais contido, com o trompete de Sheldon no suporte. A
já popular "Just Friends" segue com Baker assumindo o vocal em um
ritmo alegre enquanto Sheldon cobre a seção de trompete com um tom claro. Infelizmente,
o baixo de Mondragon está gravado em excesso no canal direito, quase afogando o
vocal de Baker. No original de Sheldon, "Too Blue", ele faz o vocal
no estilo hipster, e o trompete de Baker raramente se desvia do registro
intermediário, pois se limita a frases curtas de pontuação. Quando Sheldon entra
em cena, seu tom e frase imitam os de Baker.
Na época desta sessão, o toque de trompete de Baker estava
muito longe do seu auge, trompete melódico quente e elegante de seus primeiros
anos. Além de lutar contra um vício, ele se envolveu em uma briga em 1966 que
resultou em sangramento na boca e dentes quebrados, forçando-o a colocar
dentadura. Consequentemente, ele tinha um problema real no toque enquanto
tentava consertar sua embocadura e esta gravação seria a primeira desde aquele
evento. A despeito disto, o comportamento tranquilo de Baker serve como um belo
contrapeso à vivacidade de Sheldon enquanto eles continuam a trabalhar no
equilíbrio da sessão, começando com uma interessante versão de "Once I
Loved", de Antônio Carlos Jobim. Conforme Ceroli estabelece a batida de
bossa nova Baker mostra flashes do seu eu mais jovem, preparando o cenário para
Sheldon entrar com uma série de rajadas rápidas antes que a faixa desapareça.
Chet Baker sempre adorou baladas, como evidenciado por seu
lançamento de 1956, “Chet Baker Sings (Pacific Jazz)”, e por isso sua versão
lânguida de "When I Fall In Love" não está como tal. O encerramento é
um blues curto e irreverente de Jimmy Rushing/Count Basie/Harry
"Sweets" Edison, com Sheldon em um grito vocal, enquanto o trompete
de Baker aparece nas bordas.
Faixas: This
Can't Be Love; Just Friends; Too Blue; But Not For Me; Historia de un Amor;
Once I Loved; You Fascinate Me; When I Fall In Love; I Cried For You; I'm Old
Fashioned; Evil Blues.
Músicos: Chet
Baker (trompete e vocal); Jack Sheldon (trompete); Jack Marshall (guitarra); Dave
Frishberg (piano); Joe Mondragon (baixo); Nick Ceroli (bateria).
Fonte: Pierre
Giroux (AllAboutJazz)
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