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quinta-feira, 13 de março de 2025

ANGLES + ELLE-KARI WITH STRINGS : THE DEATH OF KALYPSO (Thanatosis Produktion)

Como gênero, ópera jazz é pouco povoado. O arquivo de gravações é marcado mais pela qualidade do que pela quantidade com álbuns de Mike Westbrook e Kate Westbrook, Carla Bley e Charlie Haden à frente. Porém, a melhor ópera jazz de todos os tempos, nesta paróquia de qualquer maneira, antecede qualquer coisa desses músicos. O compositor Todd Matshikiza e o letrista de King Kong, Pat Williams, estrearam no Grande Salão da Universidade de Joanesburgo em fevereiro de 1959 e recebeu críticas arrebatadoras, e passou a brincar em teatros com ingressos esgotados na Cidade do Cabo, Durban e Port Elizabeth. Entre os músicos cujas carreiras sul-africanas foram impulsionadas pela aparição no programa, ou que iniciou carreira de sucesso internacional saltando do navio durante uma turnê britânica em 1961, estavam Miriam Makeba, Gwigwi Mrwebi, Hugh Masekela, Kippie Moeketsi, Letta Mbulu e Mosa Jonas Gwangwa.

“The Death Of Kalypso” reúne esta distinta companhia. É executada pela banda sueca com oito membros, Angles, incrementada pela vocalista Elle-Kari Sander e um quarteto de cordas. Música e libreto foram escritos pelo saxofonista tenor da Angles, Martin Kuchen. Os solistas instrumentais incluem Küchen, o trompetista Magnus Broo, o trombonista Mats Aleklint, o saxofonista barítono Fredrik Ljungkvist e o vibrafonista Mattias Ståhl. Todos pesos pesados. O baixista Johan Berthling é uma âncora segura, como sempre. Angles define a si mesma como uma baseada em um free-jazz. Neste álbum, há relativamente um pouco de free jazz, embora o que existe seja feroz, mas há muitos ritmos motores envolventes.

O álbum de 65 minutos é fundamentalmente positivo, a despeito do assunto: o antigo mito grego da ninfa Calipso, que envolve humanos híbridos, guerra e disputas familiares. A despeito, também, da arte sombria da capa —algo que o selo Thanatosis (logotipo: uma mosca morta) parece especializar-se (veja também o álbum de Vilhelm Bromander de 2023, “In This Forever Unfolding Moment”). Parte desta música sombria e bizarra, certamente, mas algumas são animadas e exuberantes —"A Campaign Of Tragedy", por exemplo, é, inesperadamente, baseada no suíngue e dinamismo. Mesmo as faixas mais sombrias, tais como "Kalypso In Karlsbad, Haunted By Dreams", têm passagens extensas que são bonitas e despreocupadas.

Talvez, a melhor palavra para descrever o álbum é: complexo—complicado o bastante para alguém ter que encontrar a música no meio do caminho. O esforço vale a pena. Há riqueza em grande quantidade a ser encontrada.

Faixas: Messieurs-dames (Stuck In The Arching Caverns Of Hermes’ Court); Une Certaine Paix; A Campaign Of Tragedy (string quartet); Fetus Of Dawn (Kalypso Talks To Her Son Nausithous And Sings To The Gods); A Campaign Of Tragedy (aria); Cutting The Woods; The Caves Of Ogygia l; The Caves Of Ogygia ll; Kalypso In Karlsbad, Haunted By Dreams; A Campaign Of Tragedy; Outro And Overture; The Death Of Kalypso.

Músicos: Magnus Broo (trompete); Mats Aleklint (trombone); Johan Berthling (baixo acústico); Konrad Agnas (bateria); Mattias Ståhl (vibrafone; glockenspiel [NT: é um instrumento de percussão que consiste em barras de alumínio ou aço dispostas em um teclado]); Alex Zethson (piano, sintetizador, Hammond organ); Fredrik Ljungkvist (saxofones tenor e barítono, clarinete); Martin Kuchen (saxofones tenor e soprano); Elle-Kari Sanders (vocal, coro, trompete adicional, sintetizador, glockenspiel); Raed Yassin (leitura [4]); Anna Lindal (violino, octave violin [NT: é um violino modificado que é afinado uma oitava abaixo do violino padrão. Ele é tocado de forma semelhante a um violino normal, mas possui cordas de maior diâmetro]); Eva Lindal (violino, viola); My Hellgren (cello); Brusk Zanganeh (violino).

Fonte: Chris May (AllAboutJazz)

 

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