Há poucos exemplos de classificação de saxofonistas de jazz
que colaboram com bandas de rock, e menos ainda que fazem tanto sucesso quanto
este, como o saxofonista tenor James Brandon Lewis e o trio instrumental The
Messthetics. Um notável precedente é a parceria do saxofonista tenor etíope
Getatchew Mekurya com a banda punk holandesa The Ex, que explodiu em
vida no concerto e na gravação periódica entre 2006 e 2012. No meio dos anos 1950,
Mekurya, que usava um cocar de juba de leão quando aparecia nos salões de dança
de Adis Abeba, forjou um estilo que era semelhante, mas anterior, ao de Albert
Ayler.
Mekurya afirmou nunca ter ouvido jazz até a década de 1960. Sua
música foi embasada nas tradicionais canções dos guerreiros etíopes nas
batalhas. Encontrando Mekurya e The Ex em um festival holandês de música em
2006, a grande saxofonista tenor Ingrid Laubrock, agora residente no Brooklyn,
mas que vivia, na época, em Londres, disse que a experiência foi "como uma
viagem". Alguns dos trabalhos iniciais de Mekurya, incluindo o single de 1959 "Shellela Besaxophone" são reunidos
no álbum “Negus Of Ethiopian Sax”, originalmente lançado na Etiópia em 1972 e
relançado na série “Buda Musique's Ethiopiques” em 2002.
O CD duplo de James Brandon Lewis, “For Mahalia, With Love
(Tao)”, feito com seu Red Lily Quartet, foi um dos mais profundos álbuns
de jazz de 2023, com Lewis referenciando suas experiências iniciais da infância
ouvindo gravações de Mahalia Jackson com sua avó. Ele traz uma intensidade
devocional semelhante ao seu trabalho com The Messthetics, embora em um
contexto secular. The Messthetics—guitarrista Anthony Pirog, o baixista
Joe Lally e o baterista Brendan Canty— são, no fundo, uma banda de rock
hardcore, mas capaz de sutileza e nuances. "That Thang" é indicativo
de grande parte do álbum, mas "Boatly", em tempo de valsa, que vem na
metade do disco, nos primeiros quatro minutos e meio se assemelha a uma suave
canção de ninar antes de começar nos três minutos finais. Nenhum crédito de
compositor é dado no encarte, mas "Boatly" soa como algo que Lewis
poderia ter escrito.
O álbum demonstra que há menor separação entre o jazz e rock
do que frequentemente é suposto, mas que a divisão remanescente entre os dois
tipos de música ainda é profunda, alta montanha. Viva a diferença.
Faixas: L'Orso;
Emergence; That Thang; Three Sisters; Boatly; The Time Is The Place; Railroad
Tracks Home; Asthenia; Fourth Wall.
Músicos: Anthony Pirog (guitarra elétrica); Joe Lally (baixo);
Brendan Canty (bateria); James Brandon Lewis (saxofone tenor).
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=qqwkm-2D_DU
Fonte: Chris
May (AllAboutJazz)
Nenhum comentário:
Postar um comentário