Um dos gêneros mais específicos da história do jazz é o western
swing. Principal música de dança muito popular no sudoeste, originou-se
como uma jambalaya (NT: é uma espécie de paella
típica de Nova Orleans e de toda a Louisiana, em que os principais ingredientes
são, além do arroz, frango, "andouille" (um tipo de chouriço de
origem francesa), lagostim de água doce ou camarão, e vegetais, principalmente
pimentão, aipo, cebola, tomilho e pimenta-caiena) que misturava jazz,
country, blues, pop e violino tradicional, tocada por grupos como Light Crust
Doughboys e Bob Wills e seus Texas Playboys. Incorporou instrumentação
incluindo violinos, guitarras com cordas de aço e elétricas com outros
instrumentos. A música foi precursora do rockabilly. “Bluer Than Blue” ressuscita
soberbamente esse estilo energético ao entregar 12 faixas maravilhosamente
executadas no estilo western swing - reinterpretações
e uma original - que apresentam a excelente vocalista Sweet Megg apoiada por um
excelente grupo de músicos tradicionais de primeira classe. O resultado é uma
brincadeira alegre. "Bluer Than Blue" começa como uma batida dupla
acelerada com o trompete surdinado de Mike Davis e o clarinete de Ricky
Alexander antes de Megg cantarolar energicamente, com uma guitarra slide
respondendo. As guitarras de Justin Poindexter e Chris Scruggs acrescentam suíngue.
Billy Contreras toca violino enquanto todos se juntam e incendeiam.
"One More Time with Feeling" de Kris Kristofferson
e Shel Silverstein se apoia principalmente na vibração country e ocidental com
uma seção de jazz calorosa e estridente. Megg leva essa para casa, cantando
sobre a festa atrás dela. "I Wonder Where You Are Tonight" uma clássica
seleção country, tem Megg lamentando com o violino e o violão acompanhando. O
excelente tenor de Alexander contrapõe-se bem a Megg aqui. O famoso "San
Antonio Rose" de Wills, um clássico do kick 'em up (NT: é uma expressão idiomática em inglês que pode significar
"causar problemas", "criar confusão" ou "fazer uma
cena"), incorpora uma sobreposição vocal e solos finos de rebeca,
violão, steel guitar e piano antes de passar para um estilo de jazz
tradicional de vai e vem, todos se preparando para um passeio e um clímax
infernalmente alegre. Esta faixa é um destaque e um exemplo brilhantemente
arranjado e tocado do gênero western swing. "Someday
Sweetheart" é um honky-tonk (NT: É
simultaneamente um tipo de bar com acompanhamento musical, típico do sul e
sudoeste dos Estados Unidos, normalmente frequentado pela classe trabalhadora e
é um gênero musical do country). divertido em que é a estrela
tradicional. O trompetista Davis, o trombonista Sam Chess e outros se
aprofundam nos balanços de duas batidas e embaralhamento por trás do canto
ritmicamente efervescente de Megg. Megg Farrell é uma vocalista fascinantemente
interessante e talentosa. Originalmente de Nova York, ela tem as influências aperfeiçoadas
de Patsy Cline e do country-western. Ela é animada e envolvida e é sábia em não
exagerar nos slides vocais (NT: uma apresentação
que inclui áudio, ou seja, uma narração) e efeitos de yodel (NT: é uma forma de
canto utilizando sílabas fonéticas, criando um som que muda rápida e
repetidamente) às vezes prevalentes naquele estilo.
Liricamente e ritmicamente, ela é um ás. Grande parte do
material é uma letra de história e, seja em uma balada mais lenta ou em uma
batida acelerada, ela entrega. Provavelmente a faixa mais singular, se não a
mais estranha, do ponto de vista da produção é a reinterpretação de "In a
Sentimental Mood" de Duke Ellington. A equipe interpreta o tema principal
em um estilo muito lento, quase elegíaco, que lembra o " Laura Palmer's
Theme " de Twin Peaks (ABC Television, 1990). Guitarra slide, órgão e um
solo de violino acrescentam um clima assustador. "Lonesome Hearted
Blues" é um blues ardente que apresenta Dalton Ridenhour lamentando jazz à
la Count Basie e Contreras com um solo de fogo. É uma mistura perfeita de swing,
balanço e vocal de Megg — outro destaque. "Remember Me",
originalmente escrita e tocada por Stuart Hamblen, fecha a sessão com mais um
sabor country arrastado. O tenor de Alexander e a banda chamam e respondem. Megg
brilha enquanto esta cortina cai. Os acompanhantes deste álbum são todos
artistas excepcionais. Davis, Alexander e Ritenhour são estrelas de primeira
linha do jazz tradicional e têm um longo histórico de gravações bem sucedidas e
apresentações celebradas. O baixista Dennis Crouch e o baterista Chris Gelb
excelentemente interpretam a ampla variedade de balanços rítmicos.
“Bluer Than Blue” é um gosto adquirido. É tanto um esforço
soberbamente executado quanto uma grata homenagem histórica a um gênero que
merece ser ouvido mais vezes.
Faixas: Bluer
Than Blue; Once More with Feeling; I Wonder Where You Are Tonight; San Antonio
Rose; Someday Sweetheart; Please Help Me I'm Falling; Little Bit; In a
Sentimental Mood; Leaving On Your Mind; It's All Over Now; Lonesome Hearted
Blues; (Remember Me) I'm the One Who Loves You.
Músicos: Sweet
Megg (vocal); Billy Contreras (violino); Chris Gelb (bateria); Chris Scruggs
(guitarra); Dalton Ridenhour (piano); Dennis Crouch (baixo); Justin Poindexter
(guitarra); Mike Davis (trompete); Ricky Alexander (instrumentos de palheta); Sam
Chess (trombone); Timbo (vocal [6]); Ashley Campbell (vocal [10]); Chris
Scruggs (coro); Chris Gelb (coro); Wild Bill (coro).
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=NtU9zVqGiAw
Fonte:
Nicholas F. Mondello (AllAboutJazz)
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