O lançamento de “In Norway: The Konsberg Concert” coincide
com o sexagésimo aniversário do Konsberg Jazz
Festival. Dupla causa para celebração. O fluxo constante de gravações arquivadas
de Evans não mostra sinais de diminuição, com “In Norway: The Konsberg Concert”,
gravado em 1970, vindo logo após o inédito “Bill Evans: Behind The Dikes: The
1969 Netherlands Recordings (2021)”, “Bill Evans: Treasures: Solo, Trio”, “Orchestra
Recordings from Denmark (1965-1969) (2023) e “Tales: Live in Copenhagen (1964)
(2023)”, são apenas lançamentos da Elemental Records. De fato, desde a morte de
Evans, em 1980, uma dúzia de selos têm lançado mais de cinquenta caixas,
gravações "completas" e shows inéditos em nome de Evans. Todos
exploram Bill Evans, especialmente as gravadoras
O baixista Eddie Gómez estava no trio de Evans desde 1966. Entre
sua chegada e nesta turnê europeia de 1970, Evans achou difícil manter um
baterista, com Shelly Manne, Philly Joe Jones e Jack DeJohnette passando. Quando
Marty Morrell uniu-se, em 1968, a Evans, decidiu-se pelo que viria a ser sua
seção rítmica de maior tempo de serviço. Esta formação continuou até 1974. Embora
juntos como uma unidade por apenas cerca de dois anos na época de sua aparição
no Konsberg Jazz Festival, este trabalho claramente demonstra que o trio
já tinha desenvolvido ouvidos afiados.
O encontro no The Kongsberg veio apenas uma semana
após o trio ter tocado no Montreux Jazz Festival, lançado como “Montreux
II (CTI, 1970)”. A performance anterior é, no principal, mais animada, e, com
exceção de uma música, os dois repertórios são completamente diferentes, dando
credibilidade à observação de Morrell de que Evans raramente compartilhava o
repertório com seus músicos antes de um concerto e adaptava as músicas para
atender ao seu público. Ainda, em Konsberg, há um conjunto típico de Evans que
consiste em velhas joias como "Come Rain or Come Shine", "Autumn
Leaves" e músicas de Miles Davis como "So What" e
"Nardis", baladas requintadas, uma ou duas valsas e suínges de ritmo
médio.
Embora a forma como Evans toca raramente alcance níveis
inspiradores neste concerto, ele está, para ser justo, em fina forma. Ele
brilha mais intensamente em uma versão animada de "34 Skidoo", em
tempo médio, "Turn Out the Stars" e na balada "What are you
Doing the Rest of your Life?". Na última, o trabalho de escovinhas de
Morell é tão fino quanto a garoa. Os destaques, entretanto, são belamente
versões interpretadas de "Some Other Time" (com seus tons
melancólicos em "Blue In Green") e "Quiet Now" de Denny
Zeitlin que Evans conduz habilmente através de mudanças de ritmo e humor. Gómez
desfruta generoso tempo para solo, providenciando o ponto de apoio do trio em
muitos aspectos, enquanto há o trabalho de escovinha de Morrell — que domina
sua atuação aqui — que é uma delícia balançante.
Um livreto de 28 páginas oferece depoimentos esclarecedores
de Gomez e Morrell, mais apreciações de Evans, Craig Taborn e Roy Hellvin,
todos os quatro entrevistados pelo produtor Zev Feldman em 2024. Em adição, há
uma entrevista com Evans conduzida pelo jornalista Randi Hilton em um dia após
o concerto e uma instrutiva análise do jornalista Marcus Myers. Um eminente
estudioso de Evans, a observação de Myers sobre a diferença na forma de tocar
de Evans após trocar a heroína pela metadona no início de 1970 convida a uma
audição, antes e depois, com novos ouvidos.
Faixas: Come
Rain Or Come Shine; What Are You Doing The Rest Of Your Life?; 34 Skiddoo; Turn
Out The Stars; Autumn Leaves; Quiet Now; So What; Gloria's Step; Emily;
Midnight Mood; Who Can You Turn To?; Some Other Time; Nardis.
Músicos:
Bill Evans (piano); Eddie Gomez (baixo); Marty Morell (bateria).
Fonte: Ian
Patterson (AllAboutJazz)
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