playlist Music

sábado, 5 de julho de 2025

KAVYESH KAVIRAJ – FABLES (Shifting Paradigm Records)

Se existe uma maneira mais magistral e majestosa de abrir um álbum de estreia do que a circularidade e a força caprichosa de "Who Am I", ela não é ouvida com frequência. É esta sensação de ouvir um novo criador de mitos e beleza com um ouvido apurado e um talento ainda mais refinado se revelar nas Fábulas (“Fables”) lindamente equilibradas do pianista/compositor Kavyesh Kaviraj de Twin City.

Cercando-se de suas oito composições sedutoras e melancólicas com o melhor (mais atrevido) da cena musical do Centro-Oeste —o baixista Jeff Bailey, o baterista Kevin Washington, o saxofonista Pete Whitman e o trompetista Omar AbdulKarim— Kaviraj conta suas histórias do centro da fogueira: todos atentos ao contador de histórias e então deixando livre sua musicalidade inata.

Ele faz de “Fables”, uma memória musical, um apelo à audição repetida. Mais de sete anos em construção, seguindo a jornada de Kaviraj de Omã através da Índia até Minneapolis, estudando, tocando, e então tocando um pouco mais, leva à batida do coração da abertura"Who Am I".Uma verdadeira definição de jornada: movendo-se no tempo com uma eloquência, que acrescenta à condição humana. A peça se transforma e se reinventa, determinada a conduzir o ouvinte ao seu centro poderoso. E o faz.

A animada e vibrante "Saudade" (palavra brasileira para reminiscência) tem o tecladista borbulhando ao estilo de George Duke, enquanto o baterista Washington ataca e quebra a batida ao seu lado. Adicione à mistura a dupla pop de Whitman e Abdulkarim e ela se torna um contraponto divertido à faixa de abertura, bem como um prólogo para a ousada e fascinante "Rain". Ele vem como um dilúvio com cada riacho e corrente resultantes, contendo sua própria novidade melódica. Washington Mais uma vez abre caminho com Bailey, logo atrás dele, empurrando, impulsionando, conduzindo a bateria e o piano a alturas emocionantes de espírito e comunhão. O ostinato simétrico e feroz de Kaviraj dá espaço para mais uma atuação explosiva de Washington. Tente não apertar o replay.

Segue-se o onírico "Beloved", com seus teclados que lembram uma canção de ninar, vocais sussurrantes e o solo reflexivo de Abdulkarim, proporcionando um descanso reconfortante. "They Cannot Expel Hope", com um solo longo e alto de Whitman, enrola, agita e chicoteia. O pianista oferece uma ampla faixa, em um momento Oscar Peterson, próximo a Kenny Barron. "Lullabye" não tem a intenção de fazer os ouvintes dormirem. Ao contrário, é para cada um sonhar. Sonho de comunidade, de bem-estar social e de um futuro livre de nossas trivialidades. “Fables” encerra de forma tão grandiosa e honrosamente humana quanto começou com o quase épico "Smoke of the Midnight Lamp". A faixa não é apenas uma vitrine para todos, mas um hino à unidade. Que todos se juntem no final em um refrão comum, tipo "Hey Jude", enquanto a música atinge o auge, é um bônus. Tente não apertar o replay.

Faixas: Who Am I; Saudade; Rain; Beloved (feat. Aby Wolf); Take My Hand (feat. MMYYKK); They Cannot Expel Hope; Lullaby; Smoke of the Midnight Lamp.

Músicos: KavyeshKaviraj (piano,teclados); Jeff Bailey (baixo); Kevin Washington (bateria, percussão); Pete Whitman (saxofone tenor e soprano); Omar AbdulKarim (trompete); Aby Wolf (vocal [4]); MMYYKK (vocal [5]); Ernest Bisong (cordas [7]); Pawan Benjamin (bansuri [7]).

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=FFbcdoWt-wg

Fonte: Mike Jurkovic (AllAboutJazz)

 

Nenhum comentário: