O Marco Zero da guitarrista Sharon Isbin está há muito tempo
ancorado no mundo da música clássica ocidental. Sua formação foi extensa e, a
partir de meados da década de 1970, ela começou a ganhar vários prêmios de
prestígio. Embora ela tenha começado a lançar álbuns no final da década de
1970, demorou até pouco antes da virada do século - 1999 - para garantir sua
primeira indicação ao Grammy. Ela não ganhou a maior honra naquele ano, mas ser
indicada é uma conquista incrível por si só. Mas as estrelas e os holofotes
acabaram se alinhando e ela ganhou vários Grammys no início dos anos 2000. Seu
Grammy de 2001 foi para um álbum que se baseou na música popular de países tão
distantes quanto a Irlanda e a Alemanha, enquanto o prêmio de 2010 foi para uma
coleção que incluía obras de Joan Baez e Mark O'Connor. Era evidente que Isbin
estava cada vez mais colorindo fora da linha, quando se tratava dos vários
estilos musicais que ela abraçava.
A jornada musical de Isbin continuou na década de 2020,
quando ela se juntou ao mestre do sarod [NT: instrumento
musical de cordas utilizado na música hindustani do subcontinente indiano]
clássico indiano, Amjad Ali Khan e seus dois filhos, Amaan Ali Bangash e Ayaan
Ali Bangash (mais Amit Kavthekar na tabla). O sarod de cordas múltiplas
geralmente tem uma placa/tábua de aço inoxidável sem trastes, permitindo assim
ao músico criar sons precisos, agudos e penetrantes. “Live In Aspen” é uma
continuação da fascinante fertilização cruzada da música clássica ocidental e
oriental, que os artistas gravaram antes com uma adição saudável de
improvisação.
Todas as obras apresentadas naquele dia em Aspen, exceto a
de abertura e uma peça folclórica tradicional indiana mais antiga, são de Amjad
Ali Khan. A variedade é alcançada não apenas pelo entrelaçamento de estilos
orientais/ocidentais, mas também pelo fato de diferentes músicos saírem e
retornarem ao longo do concerto. Isbin abre o álbum com uma peça solo escrita
pelo compositor espanhol do século XIX, Francisco Tarrega, antes de ser
acompanhada por Ayan Ali Bangash em duas versões de "Sacred Evening".
A primeira ("Alap Yaman", criada para relaxar o ouvinte) introduz
acordes sutis e improvisação melódica e, em seguida, flui suavemente para uma
interpretação mais rápida, seguindo um caminho devocional e espiritual. É
hipnoticamente relaxante, além de incrivelmente articulada. Em seguida, Amaan
Ali Bangash se junta a Isbin em "By the Moon". O número de duas
partes replica o padrão de uma introdução ("Alap Behag"), que é
seguida por "Raga Behag" com o objetivo de evocar a felicidade. Também
oferece uma oportunidade para o tocador de tabla Amit Kavthekar improvisar,
enquanto guia o caminho com seus floreios dramáticos. Em seguida, Isbin recua e
cede o palco aos artistas indianos para três seleções, incluindo uma homenagem
à divindade hindu Ganesh. Todos se juntam para as duas últimas peças
"Romancing Earth / Alap Pilu" e "Romancing Earth / Raga
Pilu". O grupo mantém seu ritmo enquanto se move pacientemente do
contemplativo ao animado, criando assim uma grande despedida, que claramente
impressiona o público ao vivo.
Se os nomes das obras, títulos e tipos de música lhe parecem
estranhos, um livreto detalhado guiará você através do álbum. Porém, a
confirmação final se resume à música magnífica que esses artistas criam quando
se unem como um só. Juntos, os músicos criaram música única, mas convidativa e
acessível. O oriente se funde perfeitamente com o ocidente, à medida que os
artistas se comunicam por meio da linguagem universal da música que, como Isbin
diz nas notas do encarte, leva a um final emocionante. O público ao vivo
confirmou isso instantaneamente com seus aplausos de apoio.
Faixas: Capricho
Arabe; Sacred Evening - Alap Yaman; Sacred Evening - Raga Yaman; By The Moon -
Alap Behag; By The Moon - Raga Behag; Raga Ganesh Kalyan; Raga Bahar; Raga
Bhatyali; Romancing Earth - Alap Pilu; Romancing Earth - Raga Pilu.
Músicos:
Sharon Isbin (violão); Amaan Ali Bangash (sarod); Amit Kavthekar (tablas).
Fonte: Scott
Gudell (AllAboutJazz)
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