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sexta-feira, 22 de agosto de 2025

ANTÔNIO ADOLFO – CARNAVAL- THE SONGS WERE SO BEAUTIFUL (AAM Music)

O que levou o pianista e compositor Antônio Adolfo a gravar, em 2025, um álbum de canções da 'época de ouro' do carnaval brasileiro, por volta de 1920-1950? Ele conhece e ama essa música desde criança, crescendo no Rio de Janeiro. “Todas essas músicas estão muito vivas na minha memória”, disse ele ao All About Jazz. Elas estavam “em todo lugar – no rádio, nas ruas, em clubes sociais". Na época, ele viu que "havia alguma magia nas melodias", mas ele "apenas ouvia e cantava, como qualquer pessoa". Mais tarde, quando adolescente, ele escolhia as músicas no piano, "mas nunca imaginou que um dia faria um álbum". Sua primeira incursão no repertório resultou em um lindo álbum de piano solo cheio de saudade lançado no Brasil, “Carnaval Piano Blues, (Kuarup Discos, 2005)”, que não está mais em circulação.

A vida profissional de Adolfo, que começou no início da década de 1960, está associada à 'segunda geração' de compositores e instrumentistas da bossa nova, mas sua discografia abrange uma ampla gama de idiomas brasileiros e jazzísticos, do choro a Wayne Shorter e muito mais. Ele tem sido fluentemente bimusical há muito tempo, tendo o jazz como sua segunda língua. As canções de carnaval constituem uma parte importante de sua língua nativa, mas ele só começou a conceber “Carnaval”, o álbum, mais recentemente. Ao revisitar o material, a abordagem que ele buscou foi aquela em que ele foi capaz de "combinar toda a minha experiência musical e todas as minhas influências musicais". Ele fez isso muito bem aqui, criando arranjos ricos em harmonias de jazz e — com seus companheiros de banda — sensações rítmicas que são ao mesmo tempo sólidas e fluidas como água. A música é impregnada pela beleza da bossa-nova em aquarela e pelo ritmo do samba, mas com uma pitada do otimismo do jazz de big band. Esta é uma interpretação profundamente pessoal de uma era culturalmente significativa, feita por um artista maduro e com poderes criativos aprimorados ao longo de uma carreira de seis décadas no jazz e na música brasileira.

A performance é fortalecida pelos laços que ele e seu grupo desenvolveram ao longo dos anos, especialmente com sua seção rítmica, o baterista Rafael Barata e o baixista Jorge Helder, e o flautista-saxofonista Marcelo Martins, com quem gravou vários trabalhos, juntamente com o trompetista-flugelhornista Jesse Sadoc, o violonista Lula Galvão, o percussionista André Siqueira, o trombonista Rafael Rocha e o saxofonista alto Idriss Boudrioua. As misturas de metais são quentes e os solos são finamente gravados e genuínos, com a flauta de Martins vindo direto e atingindo o coração em canções como "As Pastorinhas" (Braguinha e Noel Rosa), assim como seu tenor em "Vai Passar" (Francis Hime e Chico Buarque).

Cada membro da banda tem momentos em que brilham, do elegante número de abertura com o trio de piano, "É Com Esse Que Eu Vou" de Pedro Caetano até o final, "Agora É Cinza", de Bide e Marçal, que encerra o programa com uma nota reflexiva, olhando para trás enquanto as celebrações terminam na Quarta-feira de Cinzas. Adolfo mantém tudo junto com seu toque suave ao piano e com a caneta. As canções eram realmente lindas naquela época, e sua beleza, polida pelas areias do tempo e pelas mãos capazes desta banda, só aumentou.

Faixas: É Com Esse Que Eu Vou (I'm Going With This One); Vassourinhas (Vassourinhas Carnaval Group); Oba (Breath of the Jaguar); Mal-Me-Quer (She Loves Me, She Loves Me Not); Vai Passar (It's Going To Be OK); As Pastorinhas (Girl Singers of Carnaval); Exaltação À Mangueira (Ode to Mangueira); A Lua É Dos Namorados (The Moon Belongs to Lovers); Agora É Cinza (Now It Is Ashes).

Músicos: Antônio Adolfo (piano); Lula Galvão (violão); Jorge Helder (baixo acústico); Rafael Barata (bateria); Jesse Sadoc (trompete); Idriss Boudrioua (saxofone alto); Marcelo Martins (flauta, saxofone); Rafael Rocha (trombone); André Siqueira (percussão).

Fonte: Katchie Cartwright (AllAboutJazz)

 

 

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