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quinta-feira, 27 de novembro de 2025

LUÍS VICENTE - COME DOWN HERE (Clean Feed Records)

O trompetista português Luis Vicente faz sucesso com “Come Down Here”. Embora ele explore uma variedade de estilos, desde lançamentos equilibrados, mas irrestritos, como “Chamber 4 (FMR, 2015)” e “For Sale (Clean Feed, 2015)”, até colaborações musicais incendiárias com nomes como o saxofonista tenor John Dikeman em “House In The Valley (Clean Feed, 2023”), o free bop aqui talvez jogue melhor com seus pontos fortes. Temas simples oferecem inspiração abundante, permitindo-lhe liberdade para um melodicismo, que sempre fez parte de sua personalidade em meio à sua expressividade tímbrica habitualmente ampla.

Embora o trompetista seja, sem dúvida, o ponto focal, o sucesso do encontro deve muito à seção rítmica composta pelo baixista Gonçalo Almeida e pelo baterista Pedro Melo Alves, que fornecem, de forma incansável, um apoio flexível ao líder, seja criando balanços elásticos e desequilibrados que evitam em grande parte a medida estrita ou trazendo inteligência improvisada para diálogos tonais aventureiros. Na abertura da faixa título, as fanfarras exuberantes do grupo soam como uma cópia fiel do Pyramid Trio do falecido trompetista americano Roy Campbell. Elogios de fato quando você considera que foi o grande eixo William Parker e Hamid Drake que alimentou esta trabalho.

Entre os outros pontos altos está a quase fúnebre "Hope II", que apresenta uma bela interação entre o trompete e o baixo com arco. No entanto, talvez o ponto alto seja a canção tradicional brasileira "Mandei Caiar O Meu Sobrado", onde o pizzicato de Almeida evoca o berimbau, um arco musical de origem africana, acompanhado por percussão suave e uma flauta de madeira exótica. Após essa introdução atmosférica, o prato principal chega com a melancolia e o toque gospel da melodia, cantada com entusiasmo por Vicente sobre uma batida suave e hipnotizante. A faixa final, "Penumbra", segue uma trajetória semelhante com resultados igualmente satisfatórios, e, ao fazê-lo, reafirma a capacidade da equipe de encontrar o caminho de volta à realidade offline, antes de culminar em outro tema plangente, cansado, mas desafiador.

Ao dominar os fundamentos, Vicente criou um álbum surpreendente em sua imediaticidade, mas com amplo potencial para recompensar a longo prazo.

Faixas: Come Down Here; Hope II; Mandei Caiar o Meu Sobrado; Why No Is No; Nascente; Penumbra.

Músicos: Luís Vicente(trompete); Gonçalo Almeida (baixo acústico); Pedro Melo Alves (bateria).

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=GRKWvhZdGq4

Fonte: John Sharpe (AllAboutJazz) 

 

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