Quão sentida é a falta de Tomasz Stańko. Quando ele faleceu
em 2018, sua carreira durou praticamente toda a vida de cultivo local do jazz
polonês, começando aproximadamente com a turnê seminal do quarteto de Dave
Brubeck pela Polônia em 1958, três anos depois a proibição do jazz foi
levantada pelo Partido Comunista, que governava o país. Para Stańko, aos 16
anos, a excursão de Brubeck foi um Momento Damasceno, como aconteceu com toda
uma geração de músicos polacos. Stanko ainda residia na Polônia quando a mão de
Moscou foi finalmente retirada dos controles em 1989. Além de sua própria
discografia gloriosa, Stańko tocou em uma infinidade de cenários que vão desde
as trilhas sonoras noir de Krzysztof Komeda até as obras-primas noir do
diretor Roman Polanski da década de 1960, através de trabalho extenso com Cecil
Taylor nos anos 1980. Stańko foi um homem para todas as estações, e qualquer
que seja o contexto, seu tom áspero característico trouxe um drama silencioso e
um certo grau de dor existencial à música que estava sendo feita.
Um instrumentista intensamente lírico, Stanko estava entre
os maiores misturadores de melodismo e improvisação livre de todos os tempos. Este
raro talento brilha através de “September Night”. Foi gravado ao vivo (pelo
fundador da ECM, Manfred Eicher) em Munique, em 2004, e vinte anos depois é
lançado pela primeira vez. Stańko lidera seu estelar Quarteto— formado pelo pianista
Marcin Wasilewski, pelo baixista Slawomir Kurkiewicz, pelo baterista Michal
Miskiewicz—com o qual ele gravou três maravilhosos álbuns em estúdio: “Soul Of
Things (ECM, 2002)”, “Suspended Night (ECM, 2004)” e “Lontano (ECM, 2006)”. “September
Night” foi gravado entre “Suspended Night” e “Lontano” e o Quarteto pode ser
ouvido afastando-se um pouco do lirismo estruturado do primeiro, embora
permanecendo conectado com a abordagem mais livre do segundo.
Todas as sete peças foram compostas por Stańko coma exceção
de "Kaetano", uma criação do grupo. É impossível listar destaques, porque
o álbum inteiro é quase perfeito. Porém, sob extrema pressão, pode-se apontar
para a alegria da dançante "Celina", a faixa mais longa com a duração
de 10:43 e a adorável "Song For Sarah", anteriormente ouvida em “Suspended
Night”, mais o reflexivo encerramento em "Theatrical". O disco dura
apenas 60 minutos, cada um dos números é um vencedor.
Faixas:
Hermento’s Mood; Song For Sarah; Euforila; Elegant Piece; Kaetano; Celina;
Theatrical.
Músicos:
Tomasz Stańko (trompete); Marcin Wasilewski (piano); Slawomir Kurkiewicz
(baixo); Michal Miskiewicz (bateria).
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=gARpYQyA5gM
Fonte: Chris
May (AllAboutJazz)
.webp)
Nenhum comentário:
Postar um comentário