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domingo, 6 de julho de 2008

THE ROY HARGROVE QUINTET – EARFOOD (EMARCY [2008])


Na apresentação do disco , o trompetista Roy Hargrove declara que “Earfood” foi gravado para trazer prazer para o ouvinte . Esta declaração soa como supérflua. Qual o artista que não quer divertir seu público? . O que Hargrove quis dizer , é que o objetivo do jogo é oferecer melodias cativantes com um mínimo de desnecessária bagagem artística ; melodias em oposição à ambiência sonora, doce harmonia em lugar de dissonância. Não há nenhum ritmo quebrado dentro da sonoridade emitida, nem um obscuro tempo de marcação, apenas despretensiosa e boa música.

Iniciando com “I'm Not Sure” do pianista Cedar Walton, Hargrove e o saxofonista Justin Robinson encaixam o tipo de harmonia de Lee Morgan no tema principal, antes de Hargrove apresentar o primeiro dos diversos e impressivos solos com os quais ele apimenta a sessão. Robinson retoma a pegada onde Hargrove a deixa , seguidos pelo pianista Gerald Clayton. Tudo unido na tradicional e clássica escola. Os tempos mais altos seguem a mesma trilha.


De forma não apologética , a intenção explícita de Hargrove é honrar a tradição, e o resultado às vezes é uma música que soa familiar. A banda realmente soa como eles se conhecessem a maneira como cada componente toca, e estão confortáveis na sua familiaridade. Isto não apenas brota da excelente habilidade de tocar os instrumentos, mas há uma plena admiração entre os membros do quinteto, particularmente entre Hargrove e Robinson, o que torna mais polido e lisonjeiro o produto final.


O fraseado de Hargrove vem de uma longa linha de trompetistas como Dizzy Gillespie e Lee Morgan, de Miles e Marsalis. Seu comando sobre o trompete é completo. Ele demonstra seu controle nos tempos mais rápidos, nos números com a pegada do bebop, e um tom similar a Wynton Marsalis em peças mais lentas e ternas. A música de sua autoria “Joy is Sorrow Unmasked”, o destaque do álbum , transita entre uma linha delicada entre o entusiasmo e a melancolia.


“Funkeando” um pouco um clássico dos anos 70 de Weldon Irvine Jr, “Mr. Clean”, inicialmente Hargrove e depois Robinson apresentam solos feéricos, que parecem inspirar Gerald Clayton para a sua mais dinâmica performance nos teclados, enquanto o baixista Danton Boller e o baterista Montez Coleman apresentam um firme e excitante suporte. A canção , entretanto , parece lamentosa , por algum descontrole na batida da bateria , levando as coisas para outro patamar.

A faixa “Divine,” um duo de trompete e piano em uma madura alternância sobre a sutileza do baixo e do acompanhamento das baquetas. A dispersão do arranjo e a economia da execução contrasta prazeirosamente com a harmonia dos metais, e a sucessão de solos , que é a característica de muitas músicas. É esta fina apresentação , que ressalta a habilidade de Hargrove compor. A composição de Kurt Weil/Ogden Nash , “Speak Low”, soa como coda para “Divine,” e deveria ser um perfeito encerramento para o disco. Porém, “ Earfood “ fecha com uma melancólica ,esperançosa e viva rendição de “Bring it On Home To Me” , composta por Sam ooke, que surge no primeiro acorde. Hargrove soa breve e de maneira vivaz, e você não esperaria algo mais sério para reafirmar o completo encerramento, mas que pena , a música para como se fosse algo tão breve.


Para o ouvido lembrar. Para divertidos pesquisadores.

Fonte : All About Jazz / Ian Patterson

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