Superando o hiato de três anos sem gravar, a cantora
Luciana Souza retorna com dois álbuns: a montagem final da sua
trilogia de duos com voz e violão, pela qual foi nominada ao Grammy e um tributo
a Chet Baker, ambos produzidos por seu marido , Larry Klein.
“Duos III” é uma
reunião de experiências em duas frentes . O álbum marca o retorno de Luciana Souza ao selo Sunnyside , que deu a partida na
série a uma década atrás com “Brazilian Duets “ e lançou “Duos II” em 2005; “Duets
III “ também trás de volta os violonistas Marco Pereira e Romero Lubambo, que
atuaram com ela nos dois discos anteriores. Em “ Brazilian Duos”, seu terceiro
parceiro era seu pai , Walter Santos. Para “Duos II” ela estendeu sua lista
para quatro violonistas , adicionando Guilherme Monteiro e Swami Jr. Desta vez ela inclui outro exemplar
compatriota , Toninho Horta, cujo trabalho como compositor e arranjador é
fabuloso, bem como sua execução musical.
O tempo fora dos estúdios nada fez para diminuir a proficiência
de Luciana Souza. A força e a beleza da sua incomparável sonoridade estão, se
é que se pode dizer, mas empolgante que nunca. A abordagem de Souza e Klein permanecem inalterada : um
repertório completo de músicas brasileiras, aqui se destacando Jobim e Gilberto
Gil, gravado em estúdio sem qualquer recurso extra. Nas sessões anteriores de “
Duos”, Souza interpretou uma composição de Horta. Aqui, com Horta tocando guitarra
flamenca , ela inclui duas: a
requisitada “Pedra da Lua” , que apresenta Horta como parceiro vocal de
Luciana Souza e a espécie de hino , “Beijo Partido”.
Horta também impusiona a apimentada abertura, “Tim Tim Por
Tim Tim”, e esplendidamente intensifica a
beleza tranquila de “Inútil Paisagem” de Jobim.
A capacidade composicional de Marco Pereira, também , está representado
em sua ebuliente “Dona Lu” , destaque
superior entre as faixas do álbum. Optando por um violão de sete cordas, Pereira
junta-se a Luciana Souza na terna “Chora Coração” de Jobim e na radiante “Eu Vim da Bahia” de
Gilberto Gil. Lubambo, que compartilha a maioria das estórias com Luciana
Souza, outra vez demonstra a profundidade da maravilhosa química entre eles. “Doralice” interpretada de forma mais veloz é
brilhante e “Dindi” é suave e introspectivamente melancólica, sendo uma das
mais finas interpretações já gravadas.
Se “Duos III” envolve
Souza no sol brasileiro e em seu calor, “The Book of Chet “ assume um lugar
mais sombrio. Baker pode, mais que Billie Holiday, ser traiçoeiro para
explorar. Há sempre a tentação de tolerar aspectos trágicos da sua
personalidade pessoa para colorir qualquer interpretação. Os vocais mundanos de
Baker, seu senso de instabilidade, faz com os que façam únicos e
permanentemente emocionais. Porém ele poderia ser singularmente afetivo e
frequentemente sexy em suas leituras.
Souza, acompanhada por um trio sem piano, formado pelo guitarrista
Larry Koonse, pelo baixista David Piltch e pelo baterista/percussionista Jay
Bellerose, opta por uma unilateral melancolia. Reconhecidamente, ela favorece porções mais
sombrias do repertório de Baker, pondo de lado sucessos como “My Funny
Valentine”, “There Will Never Be Another You” e“Let’s Get Lost” e colocando “The
Thrill Is Gone” “He Was Too Good to Me” ,“Forgetful” e “I Don’t Stand a Ghost
of a Chance”. Ainda ssim, mesmo quando o humor passa a ser mais brilhante
através de “Oh, You Crazy Moon”, “The Touch of Your Lips” e “The Very Thought
of You”, as sombras persistem. Entre os aspectos sombrios, Souza ,
entretanto, realiza estonteantes leituras. Ela é incapaz de fazer algo
inferior. Koonse, Piltch e Bellerose permanecem
suaves ao longo do disco, alcochoando o prevalecente desconsolo. Esta é ainda uma maravilhosa
homenagem .
Fonte:
JazzTimes / Christopher Loudon
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