Filho do compositor pernambucano Fernando Lobo, o carioca
Edu lobo ficou marcado pela trilha sonora de suas férias escolares no Recife. Situado na segunda geração da bossa nova,
debutou em 1965, ao lado de um grupo crucial do movimento, o Tamba Trio, mas
expandiu os limites coloquiais dos antecessores e ambientou o Nordeste
pós-Gonzaga no centro de sua obra reformista. Inesperado pop star dos festivais dos anos 60 (venceu dois com Arrastão e Ponteio) ante sua postura reservada, Edu nos últimos anos reduziu
suas apresentações. Nesta gravação de maio de 2011, no Teatro Beurs van Berlage , de Amsterdã, com a Metrópole Orkest, dirigida pelo inglês Jules Buckley, canta
escoltado pelo piano e acordeom de Gilson Peranzetta e o sax e flauta de Mauro
Senise.
No roteiro, um giro pelo repertório do compositor, espraiado
em gêneros solicitados por trilhas de balés e peças, como a História de Lily Braun, embebida em
blues ou no estilizado ( e farpado) baião maracatu Ode aos Ratos, ambos com Chico Buarque .
Do inaugural parceiro Vinicius de Moraes, da bela e sombria Canto Triste e da redentora Canção do Amanhecer, ao alegórico samba Ave Rara (com Aldir Blanc), o disco
promove uma releitura jazz sinfônica de temas desse discípulo da dualidade
erudita e popular de Jobim e Villa Lobos. Alternam-se solos memoráveis como o
sax soprano tempestuoso de Senise em Vento
Bravo, e o aparte sanfoneiro de Peranzetta em Dança do Corrupião (com Paulo César Pinheiro). Os solistas
integram-se sem sotaque ao ambiente. No baião Zanzibar, Herman van Haaren transforma o violino em rabeca, mesmo a
léguas do agreste armorial.
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
Fonte : CartaCapital /Tárik de Souza
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