O jazz orquestral é sempre um pouco de proposição perigosa e
incerta, oscilando na margem do caráter pretensioso. E quando é interpretada
por “orquestra de câmara”, compreendendo 11 peças, é igualmente menos promissor.
Porém, o trompetista Orbert Davis, diretor da Chicago Jazz Philharmonic (Chamber
Ensemble e tudo), irrompe em “Havana Blue”. Ele nunca permite as piores
tentações de muitos instrumentos, tomando deles só o que necessita para
realizar as sete partes de “Havana Blue Suite”, cuja première, no Auditorium Theater de Chicago, constitui
a parte principal da gravação.
“Congri”, o excitante segundo movimento da suíte, combina o
melhor dos mundos possíveis. O baterista Ernie Adams, o conguero Jose Rendon e a
percussionista Suzanne Osman tocam ritmos interligados, algo que deve ser
ouvido nas esquinas das ruas de Havana (ou alguma americana). As cordas movem-se
rapidamente nos elegantes manifestos da banda através de flashes
coloridos que dão elegância ao salão de baile. Acima de tudo, Davis toca um
trompete surdinado com uma melodia deliciosa e tudo como após horas em
enfumaçado clube de jazz. “El Malecon”, uma apresentação para cordas (com uma
interpolação da banda), mantém a agudeza melódica e disciplina clássica; “Al
Fin Te Vi”, um dueto entre o clarinete de Anna Najoom e o baixo clarinete de Michael
Salter, realmente tem uma inclinação clássica, mas isto é fácil de esquecer
nesta deliciosa dança. E “Havana @Twelve” é um grande e antigo mambo com um
duelo de trompete/trombone e solos estrondosos de Davis e do flautista Steve
Eisen, que deixariam felizes Dizzy Gillespie e Tito Puente.
Quatro faixas em estúdio, dois standards e duas inéditas, compõem “Havana Blue”. O Fender Rhodes de Leandro Lopez-Varady dá
a “Chega de Saudade” e “Seraphim” de Davis uma marcante moldura funkeada, mas
as músicas por outro lado são alegres sem serem reveladoras. O alimento está na
suíte.
Faixas: Havana Blue Suite (Sabor / Congri / Solteras / El
Malecon / A Fin Te Vi / Havana @ 12 / Orlando’s Walk); Chega de Saudade;
Manteca; Seraphim; Orlando’s Walk.
Músicos: Orbert Davis: diretor musical, maestro, trompete
solo, flugelhorn; David Spencer: trompete, flugelhorn; Chris Davis: trompete,
flugelhorn; Jessica Pearce: French horn; Steve Eisen: sax tenor, flauta,
flauta alto; Michael Salter: sax tenor,
clarinete baixo ; Erendra Izguerra: sax barítono, violino; Anna Najoom:
clarinete; Tracy Kirk: trombone; Henry Salgado: trombone, trombone baixo;
Sylvia de la Cerna: violino; Talia Pavia: violino; Lynn LaPlante-Allaway:
viola; Ellen Frolichstein: cello; Leandro Lopez-Varady: piano, Fender Rhodes;
Stewart Miller: baixo; Ernie Adams: bateria, cajón; Jose Rendon: congas; Suzanne
Osman: percussão (1-7).
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
Fonte: Michael J. West (JazzTimes)
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