Cada vez em nossa consciência coletiva, nada parece estar
funcionando como outrora, ou é tão confiável quanto foi, ou nos dá propósito e
consolo como nós uma vez conhecemos, junto vem a suavidade sustentando a magia
da maravilhosa da gravação nova de Lisa Hilton, “Paradise Cove”, e, por todo
seu encantamento de quarenta e cinco minutos, tudo está certo com o mundo outra
vez.
Hilton pode não ter o talento desenfreado de muitos de seus
colegas ou a abordagem instigante para o desfile de sombras que nos persegue, mas
sua música oferece a emissão de algo grandioso, algo menos anguloso e /ou
rigoroso. As composições autênticas de Hilton são velas no escuro, o nascer do
sol em belo dia. Elas são um verdadeiro romance da terra, o céu e um espírito
resoluto.
Nada em “Paradise Cove” (o vigésimo-sexto álbum de Hilton) é
agitado ou destinado a embalar falsa expectativa. Com a adição do simpático
trompetista Igmar Thomas, Hilton apresenta uma nova voz emocional, por sua vez
acrescentando mais profundidade e resiliência ao seu rigorosamente construído (embora
o rigor nunca seja sentido) de forma meditativa. Seu relacionamento de longa duração
com o baixista Luques Curtis pulsa no coração de “Paradise Cove”, cujo duas bem
escolhidas reinterpretações, o toque de blues da Pantera Cor-de-Rosa, da eterna
"Birk's Works" de Dizzy Gillespie e uma melancólica e desejosa joia
pop de Burt Bacharach e Hal David de 1965, "What the World Needs Now is
Love", servem para amplificar e complementar o próprio trabalho cativante
de Hilton.
É também um trabalho sólido, com temas lúcidos e
descomplicados em "Another Simple Sunday With You e o majestoso ânimo de
"Storybook Sequel" (uma canção que deverá vir a ser uma joia) instantaneamente
revelam. Reminiscente de muitos momentos reflexivos intuídos por tais
influências como Dave Brubeck, Brad Mehldau e Bill Evans, estas duas faixas são
para o álbum uma segura chama favorita. O brilho e a restrição sussurrada
exposta nas duas faixas pelo baterista Obed Calvaire e por Thomas clareiam as
linhas ansiosas e são performances destacadas.
Um fã, sem prurido, de cha cha e outros ritmos com toque
latino, Hilton e seu L.I.L.O. quarteto, (Lisa, Igmar, Luques, Obed) suíngam em "Mercurial
Moments" e "Cha Cha Cha À La Carte". Eles se soltam nos tempos e
vibrações retrô em "Fast Time Blues" e inclinam-se em "Blues
Vagabond". Encerrando nas cadências exuberantes e otimistas da faixa que
dá nome ao álbum, “Paradise Cove” prova o esforço de todo o grupo. Para Hilton,
quem ou deliberadamente ou injustificadamente voa sob o radar mais amplo do jazz,
é outra realização tranquilamente corajosa.
Faixas:
Birk's Works; Fast Time Blues; Blues Vagabond; Another Simple Sunday With You;
Cha Cha Cha A'la Carte; Mercurial Moments; Night Cap & a Little Chaos;
Storybook Sequel; Mediterranean Dreams; What the World Needs Now is Love;
Paradise Cove.
Músicos: Lisa Hilton: piano; Luques Curtis: baixo acústico;
Igmar Thomas: trompete; Obed Calvaire: bateria.
Fonte: Mike Jurkovic (AllAboutJazz)
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