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sábado, 24 de maio de 2025

ANALOGIK – SISTOLE (Robalo)

O contrabaixista Zé Almeida (Nascido em 1999) tem-se afirmado na cena jazz nacional espalhando talento entre múltiplos projetos e colaborações. É um dos esteios do grupo Apophenia, quarteto liderado por João Gato que estreou a sua discografia com o excelente “Prötzeler”; Almeida é também um dos três pilares do trio ASA, com José Soares e Diogo Alexandre, que prepara a edição de disco e já atuou com o pianista belga Bram De Looze. Em paralelo, o contrabaixista tem tocado com a banda Kumpania Algazarra e vem colaborando com diversos projetos de músicos da sua geração, como Duarte Ventura, Bruno Margalho, Miguel Valente e Nazaré da Silva e com Nazaré e João Gato formam o trio Não Confundir Com. Atuou recentemente num novo trio com Margaux Oswald e João Valinho, nas Timbuktu Sessions. E integra o “quarteto português” do saxofonista norte-americano John O’Gallagher, que editou em maio o disco “Beast” (Whirlwind).

Agora, Zé Almeida apresenta-se na condição de líder com um disco (ou EP) de música muito original. O grupo Analogik, formado no final do ano passado, é antes de mais nada um quarteto de configuração instrumental pouco habitual: ao contrabaixo de Almeida juntam-se voz (Mariana Dionísio), violoncelo (Adèle Viret) e bateria (Samuel Ber). O disco apresenta apenas três temas, entre os seis e os treze minutos (com duração total de menos de meia hora). O quarteto parte das composições do líder, que têm formas bem definidas, para desenvolver cada tema; a partir dessa estrutura, cada música é ampliada na improvisação. Desde logo, destaca-se individualmente a amplitude vocal de Mariana Dionísio, que já se afirmou decisivamente como figura inescapável na cena musical criativa portuguesa contemporânea, ao leme do seu ensemble vocal LEIDA ou nas suas múltiplas parcerias. Além de possuir magníficos recursos vocais, Mariana Dionísio sabe aplicá-los inteligentemente em cada momento, confirmando-se como notável improvisadora – e poderá confirmá-lo também quem a tenha visto em duo com João Pereira (Tracapangã) ou Pedro Branco (numa memorável atuação na Água Ardente). O violoncelo de Adèle Viret assume centralidade ao acrescentar uma carga camerística e dramática (e mostra-se impecável em “Mother Dust” e nos seus uníssonos). A bateria do belga Samuel Ber é irrequieta e provocadora, sem perder o eixo rítmico. O mentor do projeto, Zé Almeida, no contrabaixo, fornece os alicerces de cada tema; além de ter desenhado as composições, acrescenta densidade em cada momento. Este grupo de jovens músicos apresenta uma música mutante, em permanente evolução, um constante desafio para o ouvinte. Este projeto será particularmente interessante de assistir ao vivo, para acompanharmos a sua impressionante dinâmica a ser desenvolvia em tempo real.

Faixas

1.Zé Almeida - Through 05:56

2.Zé Almeida - Mother Dust 12:53

3.Zé Almeida - Sístole 09:12

 

Músicos: Zé Almeida— contrabaixo, composição; Mariana Dionísio— voz; Adèle Viret— violoncelo; Samuel Ber— bateria.

Fonte: Nuno Catarino (jazz.pt)

 

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