Nascido em
Miami, de origem cubana, David Leon é um saxofonista, flautista, compositor e
improvisador que vive no Brooklyn, Nova Iorque. Na sua apresentação online,
lê-se que o seu trabalho é «guiado por uma procura persistente de vitalidade
através da autonomia, contradição, hipérbole e humor». Na condição de acompanhante,
Leon tem colaborado com músicos como Tomas Fujiwara, Nick Dunston, Ingrid
Laubrock e Cory Smythe, entre outros. Lançou dois discos da sua série “Current
Obsession”, em que documenta improvisações com diferentes músicos: gravou “Vol.
1” (2019) com Asher Kurtz e Chris Pitsiokos; e no mais recente “Vol. 2” (2023)
tocou com Zekkereya El-Magharbel, Lesley Mok e Florian Herzog. Em 2021 editou
“Aire de Água” (Out of Your Head Records), apresentando as suas composições
originais ao leme de um quarteto com Sonya Belaya (piano), novamente Herzog
(contrabaixo) e Stephen Boegehold (bateria).
No seu disco
mais recente, “Bird’s Eye”, com selo Pyroclastic Records, Leon apresenta-se ao
leme de um trio improvável (e muito provavelmente inédito): sopros, bateria e
gayageum – este é um instrumento de origem coreana, parecido com a cítara, com
doze cordas que são dedilhadas. Neste encontro instrumental, David Leon serve-se
dos saxofones soprano e alto e das flautas alto e piccolo; o gayageum é tocado
por DoYeon Kim, instrumentista de origem coreana que é considerada virtuosa do
instrumento; e na bateria e percussão está Lesley Mok, que já colaborou
anteriormente com Leon – e que tivemos oportunidade de ver ao vivo no Jazz em
Agosto 2023, integrada no grupo Fire and Water de Myra Melford.
O disco
arranca com o saxofone a estabelecer uma frase, mas é logo seguido pelo
gayageum, que o segue em uníssonos, e entra em seguida à percussão. Ao início
poderemos estranhar o som (pouco comum, aos nossos ouvidos) do cordofone, que
tem uma sonoridade própria; mas a música avança e rapidamente deixamos de fixar
esse aspeto, viramos a atenção para a forte interação musical do trio. Deste
caldeirão de misturas e influências – as composições originais de Leon (que vão
buscar elementos na tradição cubana), a música coreana, a percussão curiosa de
Mok – resulta uma música incomparável, difícil de classificar. Em cima dos
temas, ouvimos uma permanente interação dialogante entre os três músicos, que
se vão articulando e comunicando, num processo contínuo de comunhão sonora. Num
disco profundamente difícil de enquadrar com outras referências aproximadas, o
único momento em que encontramos algo reconhecível é uma breve evocação do
standard “You Don’t Know What Love Is”, já no final do disco. Uma
experiência musical desconcertante.
Faixas
1.You
won't find it by yourself 06:43
2.Ay-ya
05:33
3.Nothing
Urgent, Just Unfortunate 09:23
4.to
speak in flowers 06:53
5.A
Night For Counting Stars 08:36
6.Secret
Footshake 02:52
7.Expressive
Jargon I & III 07:44
8.Infatuation
Station 07:02
9.Secret
Handshake 03:02
10.Palmetto
06:44
Músicos: David Leon— saxofone soprano, saxofone alto, flauta alto, flauta piccolo; DoYeon Kim— gayageum, voz; Lesley Mok— bateria, percussão, glockenspiel.
Fonte: Nuno
Catarino (jazz.pt)
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