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terça-feira, 6 de maio de 2025

DAVID LEON - BIRD’S EYE (Pyroclastic)

Nascido em Miami, de origem cubana, David Leon é um saxofonista, flautista, compositor e improvisador que vive no Brooklyn, Nova Iorque. Na sua apresentação online, lê-se que o seu trabalho é «guiado por uma procura persistente de vitalidade através da autonomia, contradição, hipérbole e humor». Na condição de acompanhante, Leon tem colaborado com músicos como Tomas Fujiwara, Nick Dunston, Ingrid Laubrock e Cory Smythe, entre outros. Lançou dois discos da sua série “Current Obsession”, em que documenta improvisações com diferentes músicos: gravou “Vol. 1” (2019) com Asher Kurtz e Chris Pitsiokos; e no mais recente “Vol. 2” (2023) tocou com Zekkereya El-Magharbel, Lesley Mok e Florian Herzog. Em 2021 editou “Aire de Água” (Out of Your Head Records), apresentando as suas composições originais ao leme de um quarteto com Sonya Belaya (piano), novamente Herzog (contrabaixo) e Stephen Boegehold (bateria).

No seu disco mais recente, “Bird’s Eye”, com selo Pyroclastic Records, Leon apresenta-se ao leme de um trio improvável (e muito provavelmente inédito): sopros, bateria e gayageum – este é um instrumento de origem coreana, parecido com a cítara, com doze cordas que são dedilhadas. Neste encontro instrumental, David Leon serve-se dos saxofones soprano e alto e das flautas alto e piccolo; o gayageum é tocado por DoYeon Kim, instrumentista de origem coreana que é considerada virtuosa do instrumento; e na bateria e percussão está Lesley Mok, que já colaborou anteriormente com Leon – e que tivemos oportunidade de ver ao vivo no Jazz em Agosto 2023, integrada no grupo Fire and Water de Myra Melford.

O disco arranca com o saxofone a estabelecer uma frase, mas é logo seguido pelo gayageum, que o segue em uníssonos, e entra em seguida à percussão. Ao início poderemos estranhar o som (pouco comum, aos nossos ouvidos) do cordofone, que tem uma sonoridade própria; mas a música avança e rapidamente deixamos de fixar esse aspeto, viramos a atenção para a forte interação musical do trio. Deste caldeirão de misturas e influências – as composições originais de Leon (que vão buscar elementos na tradição cubana), a música coreana, a percussão curiosa de Mok – resulta uma música incomparável, difícil de classificar. Em cima dos temas, ouvimos uma permanente interação dialogante entre os três músicos, que se vão articulando e comunicando, num processo contínuo de comunhão sonora. Num disco profundamente difícil de enquadrar com outras referências aproximadas, o único momento em que encontramos algo reconhecível é uma breve evocação do standard “You Don’t Know What Love Is”, já no final do disco. Uma experiência musical desconcertante.

Faixas

1.You won't find it by yourself 06:43

2.Ay-ya 05:33

3.Nothing Urgent, Just Unfortunate 09:23

4.to speak in flowers 06:53

5.A Night For Counting Stars 08:36

6.Secret Footshake 02:52

7.Expressive Jargon I & III 07:44

8.Infatuation Station 07:02

9.Secret Handshake 03:02

10.Palmetto 06:44

 Músicos: David Leon— saxofone soprano, saxofone alto, flauta alto, flauta piccolo; DoYeon Kim— gayageum, voz; Lesley Mok— bateria, percussão, glockenspiel.

Fonte: Nuno Catarino (jazz.pt)

 

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