O trombonista Steve Davis nasceu em Worcester, MA, em 1967, e
em 1989 graduou-se no Jackie McLean Institute da Hartt School. Foram as
orientações e recomendações de McLean que permitiram que Davis conseguisse sua
primeira grande apresentação com Art Blakey em Nova York. Seu estilo lírico e
forte lhe rendeu amplo reconhecimento e, em 1998, ele venceu a TDWR (Rising
Star) Trombone Category (NT: Categoria de trombone TDWR
[Estrela em Ascensão]). Ele foi nomeado na categoria dos cinco
principais Trombonistas do Ano pela Associação de Jornalista de 2010-2013, vencendo
em 2012. Davis é amplamente considerado como uma das principais vozes do
trombone e lançou 20 álbuns como líder.
O legendário pianista Hank Jones é o irmão mais velho do trompetista
Thad Jones e do baterista Elvin Jones. O Jones mais velho tocou com praticamente
todo mundo ao longo de sua carreira histórica, e é ele próprio um ponto chave
na evolução do vocabulário do jazz.
A ideia para esta gravação veio após o trombonista Davis tomar
parte em uma sessão em quarteto no Outono de 2007 com Jones. Davis relembra,
" Enquanto eu estava agradecendo, ele disse, 'Ora, Stevie, nos divertimos
tanto, acho que talvez devêssemos fazer isso de novo'. Eu disse, 'Torça meu
braço'. Minha ideia era que Jones e Peter Washington tocassem em dupla no
Bradley's (o icônico salão de piano de Greenwich Village onde Jones tocou
regularmente até o início dos anos 90), comigo sentado, tentando não estragar
tudo". A sessão ocorreu em junho de 2008, um mês antes de Jones, que havia
passado por uma cirurgia cardíaca quádrupla no final de 2006, completar 90 anos
e morrer menos de dois anos depois.
O álbum inicia com a única composição original aqui,
"Interface" de Jones, que apareceu em vários lançamentos anteriores. É
uma linda peça bop com toque de blues em tempo médio. Imediatamente percebe-se
o som matizado deste trio sem baterista. Washington providencia a pulsação, como
as habilidades de trombone e o tom polido de Davis (às vezes quase soando como
um flugelhorn) e a experiência de Jones de fazer escolhas interessantes de
acordes se reúnem e envolvem os ouvintes neste som único. Os solos são sempre
inventivos e cuidadosos.
"Isn't It Romantic", outra performance em trio, tem
Davis exibindo seu estilo lírico fluente na melodia antes dos solos de Jones utilizar
diversos estilos ao piano, uma lembrança da sua vasta experiência. Davis depois
volta com uma pausa simples, mas saborosa, enquanto Washington estabelece a
base que une tudo.
"Polka Dots and Moonbeams" é, aqui, a primeira
performance em duo e apresenta Davis completamente. É semelhante à faixa
anterior, mas a ausência de Washington permite a Jones mais espaço para exibir
suas incríveis habilidades, focando um pouco mais no ritmo e nos registros mais
baixos, enquanto Jones soa como se ele estivesse se divertindo muito por poder
jogar nesse cenário.
Washington reingressa para "Cry Me A River". Esta
faixa com toque de blues, também, predominantemente, apresenta Davis, cujo
trabalho, aqui, incorpora a gama de emoções que o trombone é capaz nas mãos certas.
Jones tem uma pequena pausa melódica antes de Davis entrar novamente para
encerrar a música. O trabalho de Washington é sutil, mas firme. Ele está
satisfeito aqui em ser a cola que torna essas três faixas do trio muito
melhores por tê-lo nelas.
O final comovente apresenta duas canções, "But
Beautiful" e "We'll Be Together Again", em forma de duos. Estas
músicas são as favoritas dos vocalistas e, aqui, são interpretadas em forma
reminiscente do duo de piano e vocal de Tony Bennett e Bill Evans. A abordagem
de Jones, embora seja estilisticamente diferente de Evans, tem um sentimento
introspectivo que providencia profunda camada de acompanhamento. Ele nunca atrapalha,
mas é sempre fascinante de ouvir. O toque de Davis é uma revelação. Particularmente
nestas baladas, lembramos um vocalista cantando de forma melancólica e profunda.
O trombone não tem sido um instrumento tradicionalmente encontrado neste
cenário e Davis nos faz pensar por que.
Davis falou sobre tocar com Jones, "Você ouve o que
influenciou pianistas como Herbie Hancock ou Bill Evans ou McCoy Tyner, os
pianistas que consideramos serem aqueles que nos levaram ao futuro. Eu senti
que eu poderia tocar qualquer coisa que eu quisesse. Tudo fazia sentido. Onde
quer que eu quisesse ir, Hank estava lá—não do seu modo, mas pronto para te
suportar, para levá-lo a algum lugar. Foi a essência do jazz. Esta coisa que
ocorreu entre nós quando nós tocamos e criamos e falamos a linguagem em tempo
real”
Ted Panken—que escreveu as notas para este álbum, estava bem
versado sobre as gravações de Jones e estava trabalhando com Jones em suas
memórias, que ficaram incompletas—chama esta música "uma das mais finas,
se não a mais fina, das gravações da carreira de Hank Jones". Volume 1
apresenta as baladas mais lentas desta sessão alguns dos seus melhores momentos.
Por algumas razões não explicadas, estas gravações (o Volume 2 deve ser lançada
no próximo ano) não tenham vindo à luz do dia até agora. A interação e a
empatia entre os músicos são fantásticas. Esta é uma gloriosa adição final à discografia
de Jones e uma lembrança das maciças habilidades de Davis.
Faixas: Interface;
Isn't It Romantic?; Polka Dots and Moonbeams; Cry Me a River; But Beautiful;
We'll Be Together Again.
Músicos: Steve Davis (trombone); Peter Washington (baixo:
1,2,4); Hank Jones (piano).
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=oM41kbaZOt8
Fonte: Dave
Linn (AllAboutJazz)
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